Custos do controle da mastite em vacas leiteiras

Custos do controle da mastite em vacas leiteiras

07 de setembro, 2022

Vários programas de controle têm sido propostos para o manejo da mastite em vacas leiteiras. No entanto, o foco aqui está nas abordagens econômicas que ajudam a resolver ou pelo menos mitigar esse problema.

 

A mastite é uma das doenças mais prevalentes e onerosas da pecuária leiteira em todo o mundo. As perdas econômicas associadas à mastite decorrem principalmente da diminuição da produção e qualidade do leite, do aumento do trabalho e custos com tratamentos, do maior risco de descartes involuntários e da morte das vacas.

Produção e perdas econômicas

Produção de leite

A produção de leite não apenas diminui durante o caso em si, mas permanece menor mesmo após a cura da mastite. Quando a produção de leite por vaca é diminuída pela mastite, menos leite será produzido e o retorno líquido da fazenda diminuirá.

A perda econômica pela menor produção de leite por vaca depende da estrutura de cada fazenda e se os sistemas de pagamento do leite são baseados em kg de leite fluido ou baseados em sólidos (como gordura e proteína). Em algumas fazendas, a produção das vacas pode ser aumentada pela adoção de um regime de alimentação melhor (mais caro). Custos adicionais, no entanto, estão associados a esse sistema e a maior produção de leite por vaca resultante pode levar a distúrbios de saúde como cetose, febre do leite, acidose, etc.

A mastite também influencia a qualidade do leite. O que pode causar perdas no processamento dos laticínios e/ou resultar em produtos com características desfavoráveis, como sabor instável e rançoso, menor rendimento industrial e diminuição da vida útil nas gôndolas.

Mas, as alterações na qualidade do leite que têm efeito direto para os produtores são aquelas que influenciam o sistema de pagamentos, como a contagem de células somáticas por exemplo. Além disso, a maioria dos laticínios testa o leite para resíduos de antibióticos, assim o uso de medicamento no tratamento das mastites pode gerar perdas consideráveis.

Custos com tratamentos

Em um estudo, os custos do tratamento da mastite foram de cerca de US$ 43 por caso, da seguinte forma: US$ 14 (antibióticos IM), US$ 9 (antibióticos sistêmicos), US$ 5 (medicamentos de suporte), US$ 8 (trabalho) e US$ 7 (serviços veterinários). Os custos podem, no entanto, variar muito entre as fazendas, indicando que as decisões de tratamento tem fortes consequências econômicas.

Descarte de animais

Vacas com mastite têm maior risco de serem descartadas. Quando uma vaca é descartada, os custos diretos são os custos para a criação ou compra de um animal de reposição (principalmente novilhas). Já, os custos indiretos são a diminuição da eficiência da produção de leite pelo animal de reposição, uma vez que as vacas multíparas produzem mais do que primíparas. Existem, é claro, alguns retornos com descarte de uma vaca, mas isto pode variar bastante, dependendo do valor de vendo do animal e de algumas de suas características, como: produção de leite, estágio de lactação e status reprodutivo.

Trabalho extra

Do ponto de vista econômico, os custos da mão de obra são difíceis de medir. Os custos de oportunidade do trabalho podem diferir de fazenda para fazenda. Se a mão de obra for externa, então o custo do trabalho usado para prevenir a mastite é bastante fácil de se calcular (número de diárias x valor da diária, por exemplo).

Se a mão de obra vem do tempo livre do produtor, os custos de oportunidade são zero. No entanto, se - por causa da mastite - o produtor gasta menos tempo em outras tarefas de manejo, os custos de oportunidade são a diminuição da renda devido à omissão dessas tarefas.

Abordagens econômicas para controlar a mastite

Como a mastite é uma doença prevalente, os programas de controle devem ser feitos em uma forma econômica, de modo a atingir o interesse do produtor e as metas de produção.

Terapia medicamentosa

Para o uso econômico de um medicamento, os seguintes pontos devem ser considerados:

  • Tratar todos os quartos de todas as vacas é a melhor e mais segura maneira de minimizar a mastite, mas o benefício de tratar as vacas dessa maneira é apenas um pouco maior do que o custo do tratamento. Ao tratar apenas algumas vacas com tendência à mastite com base em determinados critérios, o benefício será muito maior que os custos;
  • As infecções causadas por organismos gram-positivos devem ser tratadas com um antimicrobiano de espectro relativamente estreito, enquanto os produtos de amplo espectro devem ser reservados para os casos que não respondem a compostos de espectro estreito. Em ambos os casos, o sistema de controle deve ser eficazes contra todos os principais patógenos;
  • Um medicamento antimicrobiano deve ser eficaz contra o patógeno causador da doença com base em sinais clínicos, histórico, exame de necropsia, dados laboratoriais e experiência clínica. Além disto, as instruções da bula para dose, via de administração e frequência devem ser rigorosamente seguidas;
  • A duração do tratamento da mastite deve ser a mais curta possível para reduzir o uso desnecessário de antimicrobianos e minimizar as perdas econômicas. Em um estudo, o uso de durações estendidas aumentou os custos de US$ 14 para US$ 87 por caso, em comparação com o uso da bula.

Nutrição adequada

Vacas alimentadas adequadamente produzirão mais leite em um programa de controle de mastite, do que com um nível de nutrição pobre. Ou seja, a renda líquida de um produtor de leite não aumentará instituindo apenas um programa de controle de mastite, se ele continuar a subalimentar suas vacas. O controle da mastite ajudará todos os produtores de leite, mas um aumento na renda do programa é uma função do nível de infecção, bem como dos programas de alimentação e manejo.

Alojamento e sanitização

O alojamento das vacas e a sanitização das instalações são os fatores mais importantes, quanto à aumento da ocorrência de mastites. Se as vacas estão em um free stall, um compost barn ou um tie-stall não importa. O que importa é o dimensionamento das baias, a cama para os animais e a limpeza das instalações.

Muitos produtores acreditam, erroneamente, que o barracão de free stall não precisa de tantos cuidados. Mas, as camas e áreas de descanso são os principais criadouros de organismos causadores de mastite. Nenhum programa de pré e pós dipping resolverá um problema de mastite, se as vacas forem alojadas em condições insalubres.

 

Fonte: Dairy Global

Traduzido e adaptado pela Equipe do Canal do Leite

Disponível em: https://www.dairyglobal.net/health-and-nutrition/health/economics-of-mastitis-control-in-dairy-cows/?utm_source=Maileon&utm_medium=email&utm_campaign=DG_REG_2022-08-25&utm_content=https%3A%2F%2Fwww.dairyglobal.net%2Fhealth-and-nutrition%2Fhealth%2Feconomics-of-mastitis-control-in-dairy-cows%2F&mlnt=d-obDA-2Tw0raZgzPC_tmCPwehr4OzVDsQYgjX4ZovMokscDNPeW0Q&mlnm=dtr9EXFwsQM&mlnl=uSKZYiUi9kU&mlnc=o7beRoeU1xk&mlnch=E5KX2b71BHct4eZ3tj_Osg&mlnmsg=6S66BdXfT0ItmRLigZSn_A

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