João Ricardo Alves Pereira


Zootecnista, Doutor em Nutrição Animal e Pastagens

jricardouepg@uol.com.br

PUBLICAÇÕES

Ponto de corte do milho para silagem

04 de março, 2021

Escrito por Dr. João Ricardo Alves Pereira*

 

O momento correto do corte da planta de milho para silagem tem sido um dos erros mais freqüentes cometidos pelos produtores.

A antecipação, muitas vezes, é recomendada para facilitar o corte, quando a planta do milho tem baixa qualidade (muito fibrosa) ou na expectativa de obter maiores produções de matéria verde. Com isso, transportam mais água para o silo, menos nutrientes (energia), aumentam os custos de ensilagem e perdem parte da qualidade da silagem na forma de efluente (“choro da silagem”). Em alguns casos os produtores são orientados, incorretamente, em antecipar o corte da silagem para diminuir a presença de grãos nas fezes dos animais.

 

Na Tabela 1 verificamos que quanto mais cedo se colhe o milho para silagem menor é a participação de espigas (grãos) na lavoura e menor será a qualidade da silagem (tabela1).

Fica evidente que se houver redução de grãos de milho nas fezes dos animais, cortando-se o milho mais verde, ela é devida a pequena quantidade de grãos presentes na silagem. Isso certamente reverterá em sérios prejuízos ao produtor.

O ponto ideal de colheita é quando a planta acumula a maior quantidade de matéria seca (MS) de melhor qualidade nutricional. Em geral, este ponto se dá quando os grãos atingem o estádio de farináceo-duro, e a planta pode ter teores de MS variando entre 32 e 38%, dependendo do híbrido.

 

Como podemos observar na tabela 2, no ponto de grão leitoso o potencial de produção de grãos é de apenas 50%, ou seja, somente metade dos grãos, parte de maior qualidade do milho, serão colhidos na ensilagem. “O produtor fez investimentos em uma lavoura de milho e estará colhendo mais forragem do que grãos”.

Se o pecuarista colher no ponto de grãos farináceo duro (50% da linha do leite -  foto) ele colherá 95% dos grãos e 100% da forragem que o milho pode produzir. Dessa maneira todo o investimento feito será colhido na forma de silagem (forragem e grãos) de alta qualidade.

Quanto à qualidade, o teor de energia (NDT) aumenta a medida que se tem maior participação de grãos na silagem, conforme podemos observar na tabela 3.

É sempre bom lembrar se a silagem tem maior concentração de energia (NDT) maior será seu potencial para produção de leite ou carne, e a energia produzida na propriedade terá um custo muito menor do que se o produtor tiver que adquirir alimentos concentrados para a complementação da ração dos animais. Outra vantagem da maior participação de grãos na silagem é que a digestibilidade será maior e, conseqüentemente, os animais apresentarão maior consumo e produzirão mais.

 

O produtor deve estar atento ao fato de que os animais que consomem silagens colhidas mais cedo (silagens verdes) podem apresentar um maior consumo de silagem; mas isso acontece pelo fato de que a maior quantidade de água presente na silagem faz com que animal precise ingerir mais silagem para atender suas necessidades para a produção.

O produtor não deve se iludir. Toda a produção de seus animais, seja leite ou carne, está diretamente relacionada à quantidade de alimentos de boa qualidade que ele ingerir!

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*Dr. João Ricardo Alves Pereira - Professor Adjunto da Universidade Estadual de Ponta Grossa, possui graduação em Zootecnia pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, Mestrado em Nutrição Animal e Pastagens pela ESALQ/USP e Doutorado em Zootecnia pela UNESP/Jaboticabal. É palestrante e consultor de empresas nas áreas de conservação de forragens e nutrição animal, ganhador do Prêmio Impacto 2012 Milkpoint, técnico do ano no Troféu Agroleite 2016.

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