Marcelo de Paula Xavier
Editor do Canal do Leite, Administrador de Empresas e Mestre em Agronegócios
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Jersey bate todos os recordes de produção nos EUA
12 de março, 2021
Autor: Marcelo de Paula Xavier, M.Sc.*
Com o caos gerado pela pandemia, o ano passado foi bastante complicado e, de modo geral, não deixará boas lembranças para as pessoas ao redor do globo. Entretanto, os produtores de Jersey tem algo a comemorar em relação à 2020, pois as marcas de produção de leite e sólidos da raça atingiram recordes históricos e comprovaram – de forma cabal – as grandes vantagens deste gado fantástico.
Nos Estados Unidos, a associação dos criadores de gado Jersey (AJCA) relatou, em seu anuário de 2020, que a lactação oficial da raça1 é agora de 9.165 kg de leite, com 445 kg de gordura (4,8%) e 340 kg de proteína (3,7%), ajustada para a idade adulta2. Isto é um volume muito significativo de produção, que se traduz em uma produtividade média de 30 kg de leite por vaca/dia. Mais ainda, pela excelente qualidade do seu leite, o rendimento médio de queijo do Jersey americano foi de 1.155 kg.
Estas médias refletem os números do controle leiteiro oficial dos EUA em 2020, com 93.082 lactações controladas. Embora o número de lactações tenha sido 7,7% menor que em 2019, o Jersey continua a crescer em relação às outras raças no país. As estatísticas mais recentes (janeiro/ 2020) indicam que as vacas Jersey representam 8,72% do rebanho leiteiro americano, ante 7,73% no ano anterior. As vendas de sêmen de Jersey também continuaram crescendo, respondendo – agora – por 15,35% das vendas de sêmen no mercado doméstico.
Com base nos dados dos últimos 10 anos, projeta-se que a média de lactação da raça vai atingir 9.536 kg leite (31,3 kg/dia) em 2025, nos Estados Unidos, com 467 kg de gordura (4,90%) e 358 kg de proteína (3,76%) . Estes números são ótimos, porque o gado Jersey mostra sua tremenda capacidade produtiva, ao mesmo tempo que mantem suas vantagens competitivas, em termos de eficiência, qualidade do leite e preservação ambiental.
No cômputo final, a raça aumentou sua produção de leite e sólidos totais (gordura e proteína), o que é um equilíbrio difícil de se alcançar. Na prática, o aumento dos sólidos significa que o gado Jersey está cada vez mais eficiente, produzindo mais produtos (na índústria) por litro de leite, o que aumenta a remuneração aos jersistas.
Melhores rebanhos dos EUA
No seu relatório anual, a AJCA também identificou os rebanhos líderes do Estados Unidos, tanto para produção ajustada como para produção real (ver tabela abaixo). Pelo segundo ano consecutivo, o rebanho de 197 vacas da Fazenda Cinnamon Ridge Dairy (em Donahue - Iowa) foi o líder em produção de leite, proteína e queijo em ambas as bases. Em 2020, a sua lactação média ajustada foi de 12.022 kg de leite (39,4 kg/dia), 567 kg de gordura (4,72%) e 461 kg de proteína (3,75 %). A média real, por sua vez, foi de 25.077 kg de leite, 532 kg de gordura e 422 kg de proteína.
O maior produtor de gordura do país – tanto para a produção padronizada quanto para a real – foi o rebanho de 19 vacas de Pam e Danny Moser, da cidade de Middletown (Maryland). Em 2020, a Walnut Ridge Farm teve uma lactação média ajustada de 10.311 kg de leite (33,8 kg/dia), 624 kg de gordura (6,05%) e 373 kg de proteína (3,62%). Já, a sua média real foi de 9.318 kg de leite, 571 kg de gordura e 338 kg de proteína.
Joseph e Debra Brant, da cidade de Cuba City (Wisconsin), ficaram com o segundo lugar para produção de leite em uma base ajustada. Em 2020, o rebanho de 21 vacas teve uma lactação média de 11.629 kg de leite (38,1 kg/dia), 557 kg de gordura (4,79%) e 422 kg de proteína (3,63%). Lawton Jerseys (em Newark Valley - New York), de propriedade de Merle Lawton e sua família, ocupou o segundo lugar em termos reais, com uma média de rebanho de 10.375 kg de leite (34 kg/dia), 512 kg de gordura (4,94%) e 384 kg de proteína (3,70%), com 67 vacas.
Den-Kel Jerseys LLC, da cidade de Byron (New York), ficou em segundo lugar para gordura e proteína em bases ajustada e real. Em 2020, o rebanho de 43 vacas Jersey teve uma lactação média de 11.270 kg de leite (37 kg/dia), 613 kg de gordura (5,44%) e 432 kg de proteína (3,84%). Já, a média real das lactações do rebanho foi de 10.340 kg de leite (33,9 kg/dia), 563 kg de gordura (5,44%) e 396 kg de proteína (3,83%).
Fonte: Jersey Journal - Edição de março/2021
Notas:
1 – Nos seus relatórios anuais, a AJCA inclui médias de produção para os rebanhos americanos de Jersey, calculadas em uma lactação padronizada de 305 dias, com duas ordenhas por dia, tanto em base ajustada para idade adulta como em base real. Para serem incluídas nos cálculos, as vacas Jersey devem ser registradas e estar na Contagem de Gerações {4} ou superior. Por sua vez, os rebanhos computados nas medições devem ter no mínimo 10 vacas.
2 – O ajuste para idade adulta permite comparações justas entre a produção de vacas de uma mesma raça em diferentes ambientes e estágios de sua vida produtiva. O cálculo é composto de duas partes: a medida da produção real de leite em 305 dias – com base nas pesagens regulares do controle leiteiro oficial – e o fator de correção para “equivalente na idade adulta”. Nos Estados Unidos, este fator corrige os efeitos do número de lactações, idade no parto, estação do ano, dias abertos anteriores e região do país. A maioria das organizações que fazem o controle oficial americano usa o “Bestpred” para calcular as produções ajustadas e real em 305 dias. Nesta metodologia, os dados são comparados com as curvas de lactação do rebanho específicas da raça e da paridade.
Faça o download da reportagem completa com os novos recordes de produção do Jersey nos EUA:
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Jersey production in 2020 on a record high
Jersey Production Now a Record High.pdf (296,29 KB)
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*Marcelo de Paula Xavier, formado em Administração de Empresas pela Universidade Estadual de Ponta Grossa, com Mestrado em Agronegócios pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Foi presidente da Associação de Criadores de Gado Jersey do Brasil por 2 mandatos consecutivos e atualmente é editor do Canal do Leite.