Bezerro da Embrapa pode revolucionar a produção de leite no Brasil

Bezerro da Embrapa pode revolucionar a produção de leite no Brasil

13 de fevereiro, 2020

Em meados de janeiro deste ano, nasceu um bezerro em um dos tantos currais da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) Gado de Leite. A estatal é o maior centro de pesquisas agropecuárias do Brasil e tem várias unidades no país. A unidade de gado de leite fica em Juiz de Fora, no interior de Minas Gerais.

O nascimento de um animal em um órgão de pesquisas que estuda todos os aspectos da criação dos bovinos até pode ser algo corriqueiro, mas este evento - especificamente - carrega a promessa de uma produção de leite menos alergênico. Seria o animal “número 1” do país.

“Em duas semanas vamos ter essa confirmação”, afirma Luiz Sérgio Camargo, médico veterinário e coordenador do estudo. A pesquisa segue a linha de trabalho de cientistas neozelandeses (de meados 2012) e, alguns anos depois, de uma equipe de cientistas na Argentina.

Esse estudo representa um grande salto para o agro brasileiro, porque os pesquisadores da Embrapa estão abrindo as portas para uma técnica nova: a edição genética. Nas rodas de conversas de cientistas, esta técnica é chamada de CRISPR (do inglês Clustered Regularly Interspaced Short Palindromic Repeats); ou seja, Repetições Palindrômicas Curtas Agrupadas e Regularmente Interespaçadas.

A técnica começou a ser estudada entre as décadas de 1990 e 2000. Trocando em miúdos, os cientistas descobriram um jeito de editar os genes de um organismo com a ação de algumas bactérias. A técnica comprovou que essas bactérias fazem uma tarefa de "corta e cola", com grande maestria.

Essa técnica pode substituir o desenvolvimento dos chamados transgênicos – organismos geneticamente modificados (OGMs). Isso porque, nos transgênicos, é inserido um gene externo, de outra espécie. Já, na CRISPR, não há inserção de genes externos. É feito apenas um rearranjo do código genético do animal ou vegetal e, por isso, os produtos (animais ou vegetais) não são considerados transgênicos.

“Através dessa técnica de CRISPR, promovemos uma mutação no gene”, diz Camargo. “A intenção é criar um animal que não produza a betalactoglobulina no leite, que é uma das principais proteínas alergênicas nesse alimento.” O trabalho foi encomendar à uma bactéria que, literalmente, removesse o gene responsável por essa proteína.

A pesquisa está em fase embrionária e pode ser que a técnica de CRISPR não tenha dado o resultado esperado, nesse caso do bezerro. Mas, isto não significa que a pesquisa morre. Os estudos vão continuar, seguido por comprovações laboratoriais, certificação de que houve a mutação no gene do animal e se o animal mutante pode transferir essa característica aos seus descendentes. O processo é bem longo.

“Os pesquisadores argentinos, por exemplo, já identificaram o sucesso na mutação do animal”, diz o pesquisador da Embrapa. “O que falta é comprovar se leite será menos alergênico mesmo. E estamos nessa mesma, trilha”.

 

Fonte: Folha Agrícola

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