Estresse térmico: quais os impactos causados na produção leiteira e a importância do monitoramento

Estresse térmico: quais os impactos causados na produção leiteira e a importância do monitoramento

24 de setembro, 2021

Nos diversos sistemas de produção da pecuária leiteira, garantir conforto para os animais é fundamental. O estresse térmico, seja pelo frio ou pelo calor, acarreta um impacto muito grande no desempenho das vacas. Porém, com o avanço das tecnologias e um maior acesso às informações, os produtores de leite brasileiros têm dado mais atenção a este quesito.

A condição de estresse térmico pelo calor nas vacas ocorre devido às temperaturas altas encontradas em países tropicais, como o Brasil. Durante todo o ano, o rebanho pode ser impactado pelas condições climáticas, inclusive no inverno. Por isso, resfriar os animais é imprescindível e tem um impacto bem positivo na produção de leite.

O estresse térmico pelo calor

O estresse térmico pelo calor é uma condição de desconforto que pode ser caracterizada pelo(a): aumento da temperatura retal e da frequência respiratória; redução do consumo de alimentos; projeção da cabeça para frente; e animais mais tempo em pé. A temperatura retal pode passar dos 39˚C, sem que o animal apresente nenhum quadro de doença infecciosa e a sua frequência respiratória passa dos 60 movimentos por minuto, mesmo que ele se encontre deitado ou parado. Essa condição pode ser gerada pela combinação de quatro principais fatores: elevada temperatura do ambiente, baixa velocidade do ar, alta umidade do ar e radiação solar direta.

Quais os efeitos negativos?

Uma consequência imediata dessas alterações é a queda da produção de leite. Haja vista que a curva de produção anual, na maioria das fazendas, costuma ser maior durante o inverno do que durante o verão, mesmo que não se altere o número de animais e o manejo nutricional. Quando a fazenda não possui um sistema de resfriamento eficiente, essa variação pode ser atribuída diretamente ao desconforto térmico do rebanho, causado pela altas temperatura e umidade no verão. Porém, diferente do que se imaginava há algum tempo, essa queda da produção não se deve apenas à diminuição do consumo.

Os animais que se encontram sob estresse térmico precisam lançar mão de recursos metabólicos para debelar calor e regular a temperatura corporal. Esses mecanismos - como o aumento da frequência respiratória, por exemplo - consomem grande parte da energia que, em uma situação normal, seria destinada para a produção de leite. O sistema imune dos animais também é afetado, determinando um aumento do seu estado inflamatório. O que, por sua vez, também consome grande quantidade de energia, a qual poderia ser utilizada pela glândula mamária. Além disto, o sistema imune comprometido também pode determinar uma maior ocorrência de doenças, especialmente durante o período de transição (pré e pós parto).

Os efeitos negativos do estresse térmico não se limitam ao animal em si. Se a condição de estresse ocorrer em uma vaca prenha (no período seco), por exemplo, os efeitos negativos irão se refletir também no feto. Como o principal momento de ganho de peso do feto é durante o terço final da gestação, o consumo e o metabolismo alterados da mãe - durante este período - vão comprometer o desenvolvimento final das bezerras. A cria então vai apresentar menor peso ao nascimento; comprometimento da capacidade de absorver a imunidade passiva advinda do colostro; menor ganho de peso nos primeiros 30 dias de vida; e mais chance de desenvolver doenças. Tudo isto pode determinar um menor desempenho desse animal ao longo de toda a sua vida produtiva.

Mecanismos para resfriar os animais

Para ajudar a manter o conforto térmico do rebanho, as fazendas têm adotado sistemas de resfriamento, que podem ser direto ou indireto.

No sistema de resfriamento indireto, os animais são molhados por um aspersor de água de baixa pressão e com gotas grossas. Em seguida os animais precisam receber ventilação forçada, a qual vai promover o seu efetivo resfriamento, pela evaporação da água. Os cilcos de molhar e ventilar devem durar de 3 a 5 minutos, totalizando 30 a 40 minutos de resfriamento. Segundo a literatura, ao longo do dia, um animal de alta produção precisa ser resfriado por pelo menos 4 horas. Esse sistema pode ser feito nas salas de espera da ordenha, nas linhas de cocho ou até mesmo em estruturas específicas para banho dos animais.

Já, o sistema de resfriamento direto é feito através do controle da temperatura e da umidade do ar no ambiente em que os animais se encontram. Esse mecanismo só pode ser implementado em galpões de resfriamento e nos chamados túneis de ventilação. Nessas estruturas, que podem ser fechadas e totalmente climatizadas, objetiva-se que o ambiente fique com a temperatura controlada em torno de 15oC, ou pelo menos mais fresca do que no ambiente externo.

Em sistemas a pasto, a sombra é um mecanismo importante para ajudar o animal a controlar o calor corporal. Ela pode ser feito de forma natural (com árvores) ou artificial, por meio de sombrites estáticos ou móveis. Todavia, mesmo que o animal tenha acesso à sombra, o resfriamento pelo método indireto ainda é extremamente importante.

Por conta dos efeitos negativos do estresse térmico, é essencial que o produtor esteja sempre atento e adote medidas para garantir conforto ao rebanho. No entanto, não basta apenas usar mecanismos de resfriamento, sem ter certeza de que a ferramenta está sendo eficiente. Assim, é importante que se faça uso de tecnologias para o monitoramento do rebanho.O monitaramento com colares inteligentes - por exemplo - pode captar a frequência respiratória de cada animal e identificar a condição térmica de um determinado grupo, mensurando para o produtor - por meio de gráficos - qual é a porcentagem de vacas sob estresse térmico daquele lote ou do rebanho. O produtor passa, desta forma, a tomar decisões mais assertivas e consegue saber, por exemplo: qual momento do dia os animais têm mais desconforto térmico; qual o melhor horário para fazer o resfriamento; e se o método utilizado está sendo eficiente, sem precisar colocar um termômetro no animal. Além de monitorar o estresse térmico, a tecnologia permite ainda correlacionar a ruminação, a atividade e a ofegação com aspectos nutricionais e consequentemente de produção.

 

Fonte : O presente Rural

 

  • Como a vaca Jersey evoluiu para se tornar um fenômeno global

    Marcelo de Paula Xavier

    Editor do Canal do Leite, Administrador de Empresas e Mestre em Agronegócios

    Como a vaca Jersey evoluiu para se tornar um fenômeno global

  • Últimas vacas Jersey classificadas EX-96 e EX-97 nos Estados Unidos

    Marcelo de Paula Xavier

    Editor do Canal do Leite, Administrador de Empresas e Mestre em Agronegócios

    Últimas vacas Jersey classificadas EX-96 e EX-97 nos Estados Unidos

  • Raça Jersey quebra a barreira das 1.000 libras de gordura nos EUA

    Marcelo de Paula Xavier

    Editor do Canal do Leite, Administrador de Empresas e Mestre em Agronegócios

    Raça Jersey quebra a barreira das 1.000 libras de gordura nos EUA

COMPARTILHAR

CONTEÚDOS ESPECIAIS

Proluv
Top