FAEMG repudia de indústrias e cooperativas de leite

FAEMG repudia de indústrias e cooperativas de leite

13 de setembro, 2022

A atividade da pecuária de leite está em quase 100% dos municípios mineiros e gera 400 mil empregos diretos em Minas Gerais.

Mesmo assim, a produção de leite em Minas Gerais vem enfrentando momentos desafiadores em relação ao equilíbrio de preços pagos ao produtor por indústrias e cooperativas, além de custos crescentes na produção de leite.

Por isso, a Comissão Técnica de Pecuária de Leite da FAEMG divulgou um comunicado aos produtores e aos consumidores de leite de Minas Gerais.

Consumidores

O comunicado foi destinado aos consumidores também para mostrar que os produtores não são os culpados pelos altos preços do leite nas gôndolas dos supermercados.

Nele, a Comissão manifesta indignação e desaprovação “à forma desproporcional que as indústrias e cooperativas de laticínios estão impondo reduções de preços ao produtor rural, sem que tenham tido a devida oportunidade de recuperação financeira da atividade para uma participação justa no mercado, quando assim era ainda possível”.

“Ficou claro e evidente a todos que apenas os formadores de preços da cadeia produtiva do leite, indústria (incluindo cooperativas) e varejo, souberam se aproveitar do mercado altista que aconteceu no primeiro semestre do ano, pela baixa oferta dos produtores e alta demanda do leite pelos consumidores, impondo preços excessivos a estes últimos e obtendo, assim, elevadíssimas margens de lucro”, acrescenta a Comissão.

Conta desigual

“O que não podemos aceitar é que esta “conta” da redução dos valores ao varejo e ao consumidor, além da “conta” dos elevados estoques nas indústrias seja novamente imposta para ser paga somente pelos produtores de leite!”, protesta a entidade.

A FAEMG alerta ainda para os preços excessivos ao varejo e ao consumidor e que estes não seriam sustentáveis. “Tanto a indústria quanto o varejo certamente erraram na dose de precificação e, agora, todos amargam o retrocesso do mercado”, diz o comunicado.

Abandono da produção

A FAEMG informa que está havendo um grande desestímulo à pecuária de leite em Minas Gerais com o abandono da produção por parte dos produtores gerando queda no emprego e na arrecadação de impostos.

Além disso, a entidade alerta para a possibilidade de faltar leite no mercado diante do baixo preço pago ao produtor fazendo com que o preço volte a subir ao consumidor.

Outro complicador é o período da seca que leva a um aumento dos custos da produção.

De acordo com a FAEMG, a seca impacta diretamente no custo do produtor que tem que aumentar o trato do gado com soja, milho e silagem, insumos que tem sofrido com a alta de preços.

Outro complicador é que o produtor está prestes a fazer o plantio da safra e ele não tem recursos suficientes para adquirir os insumos para o plantio.

Leia, a seguir, a íntegra do comunicado da Comissão Técnica de Pecuária de Leite da FAEMG:  

Comunicado aos produtores e consumidores de leite de Minas Gerais

A Comissão Técnica de Pecuária de Leite da FAEMG vem acompanhando com muita apreensão o comportamento do mercado de leite e seus reflexos nas últimas semanas, em especial junto aos produtores e aos consumidores, únicos elementos tomadores de preços da cadeia produtiva do leite.

Esta Comissão manifesta novamente sua indignação e total desaprovação à forma desproporcional que as indústrias e cooperativas de laticínios estão impondo reduções de preços ao produtor rural, sem que tenham tido a devida oportunidade de recuperação financeira da atividade para uma participação justa no mercado, quando assim era ainda possível.

Ficou claro e evidente a todos que apenas os formadores de preços da cadeia produtiva do leite, indústria (incluindo cooperativas) e varejo, souberam se aproveitar do mercado altista que aconteceu no primeiro semestre do ano, pela baixa oferta dos produtores e alta demanda
do leite pelos consumidores, impondo preços excessivos a estes últimos e obtendo, assim, elevadíssimas margens de lucro.

Era de se esperar que estes preços excessivos ao varejo e ao consumidor não seriam sustentáveis! Tanto a indústria quanto o varejo certamente erraram na dose de precificação e, agora, todos amargam o retrocesso do mercado.

Isto foi claramente exposto com a grande redução do preço do leite Spot – leite comercializado entre as indústrias, tendo Minas Gerais peso irrisório na cesta de produtos lácteos fabricados e vendidos por elas.

O que não podemos aceitar é que esta “conta” da redução dos valores ao varejo e ao consumidor, além da “conta” dos elevados estoques nas indústrias seja novamente imposta para ser paga somente pelos produtores de leite!

Os produtores de leite vêm sofrendo prejuízos operacionais desde agosto de 2021, pelas inúmeras razões por todos já conhecidas. E neste último trimestre, quando mal começaram a encontrar um reequilíbrio das contas, voltaram a ser remunerados com elevadíssimas reduções no valor do litro do leite e, consequentemente, a trabalhar com prejuízos!

Diante do cenário de mercado apresentado nas últimas semanas, os produtores mineiros estão plenamente cientes:

1. Do grande arrefecimento do mercado consumidor e do baixo giro dos produtos lácteos no varejo;

2. De que esta situação resultou em considerável redução dos preços aos consumidores nas gôndolas dos supermercados;

3. De que a indústria também promoveu uma baixa substancial no valor de venda ao varejo, além da redução do montante vendido, resultando em elevados estoques de até 3 ou 4 semanas.

Em nome dos produtores de leite de Minas Gerais, os quais esta Comissão Técnica de Pecuária de Leite se propõe a defender e lutar, manifestamos que:

1. Este lastimável quadro foi consequência de desmedida busca do lucro, que notadamente não era sustentável;

2. Transferir esta conta negativa integralmente para os produtores é uma medida inconsequente, pois eles não terão como restabelecer sua capacidade produtiva perante os altos custos que ainda permanecem ou tendem a permanecer e os baixos valores recebidos, gerando, assim, operações deficitárias. Além de tudo isso, o longo período sem chuvas no Brasil Central vem afetando ainda mais a produção e aumentando o custo do leite;

3. Como consequência, a curto e médio prazos, a captação de leite não será restabelecida como deveria já estar acontecendo. Neste sentido, é de se esperar que, em breve, nova crise de oferta de leite se restabeleça, quadro indesejável para toda cadeia produtiva, especialmente para o
consumidor. É importante lembrar que tudo isso ainda está acontecendo em um contexto de elevação das importações de leite pelas indústrias em detrimento dos produtores mineiros e brasileiros;

4. Já é hora de trabalharmos unindo forças, entre todos os elos da cadeia – produtores, indústria, varejo e consumidor, para criarmos uma estrutura justa e equilibrada para todos, visando um ganho saudável e verdadeiramente sustentável, principalmente para os dois elos
mais frágeis: produtor e consumidor!

A Comissão Técnica de Pecuária de Leite, juntamente com a Diretoria da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais – FAEMG, manifesta total apoio ao produtor de leite de Minas Gerais em busca de uma remuneração mais justa e sustentável, e também a todos os consumidores, que merecem ter em seus lares um produto de alto valor biológico e qualidade por um preço justo.

Comissão Técnica da Pecuária de Leite da FAEMG

 

Fonte: Edairy News

  • Como a vaca Jersey evoluiu para se tornar um fenômeno global

    Marcelo de Paula Xavier

    Editor do Canal do Leite, Administrador de Empresas e Mestre em Agronegócios

    Como a vaca Jersey evoluiu para se tornar um fenômeno global

  • Últimas vacas Jersey classificadas EX-96 e EX-97 nos Estados Unidos

    Marcelo de Paula Xavier

    Editor do Canal do Leite, Administrador de Empresas e Mestre em Agronegócios

    Últimas vacas Jersey classificadas EX-96 e EX-97 nos Estados Unidos

  • Raça Jersey quebra a barreira das 1.000 libras de gordura nos EUA

    Marcelo de Paula Xavier

    Editor do Canal do Leite, Administrador de Empresas e Mestre em Agronegócios

    Raça Jersey quebra a barreira das 1.000 libras de gordura nos EUA

COMPARTILHAR

CONTEÚDOS ESPECIAIS

Proluv
Top