O consumo de bebidas lácteas no Brasil

O consumo de bebidas lácteas no Brasil

23 de maio, 2023

As bebidas lácteas integram a cesta de produtos acompanhados pelo Observatório do Consumidor (OC) desde setembro/21. Elas se caracterizam como produtos fabricados com a mistura do leite e do soro de leite, podendo ter ou não a adição de outros produtos ou substâncias alimentícias. A base láctea destes produtos representa pelo menos 51% do total de ingredientes.

Longe de ser a preferência entre os consumidores brasileiros, o fato é que tais produtos vêm aumentando gradualmente o seu market share, com a migração do consumo de leite, por exemplo, para esta classe de produtos.

Mas o que leva os brasileiros a consumir tais produtos? Menor custo? A busca por uma alimentação mais saudável? Ou ambos? Neste mês, o OC busca entender a relação de consumo dos brasileiros com as bebidas lácteas.

Por um lado, ainda enfrentamos um cenário econômico com baixas projeções de crescimento do país, alta taxa de juros, aumento dos preços de alimentos, renda mais baixa que o período pré-pandêmico, levando à limitação do poder de compra da população. Por outro lado, a busca por uma alimentação mais saudável, funcional e equilibrada, que promova bem-estar ao mesmo tempo em que minimizem o risco algumas doenças, cresceu entre os consumidores brasileiros.

Para descobrir, ou ainda, melhor compreender esse mercado, a primeira análise a ser feita é se existe relação entre o número de postagens sobre lácteos no período com as variações mensais de preço, segundo o IPCA. O subgrupo "IPCA iogurtes e bebidas lácteas" está contido no indicador "IPCA leite e derivados". Quando comparadas as curvas de postagem sobre as bebidas lácteas e a evolução da inflação do subgrupo, verifica-se que ambas se mantém estabilizadas e caminham próximas durante o período analisado (Figura 1).

Consumo de bebidas lácteas e a renda da população

As regiões mais ricas do país, onde a renda per capita é mais alta, são, em ordem decrescente, Centro Oeste (US$ 9.585), Sudeste (US$ 8.924), Sul (US$ 8.450), Norte (US$5.314) e Nordeste (US$ 3.816). Em termos de população, a região Sudeste concentra cerca de 42% dos brasileiros. O Nordeste fica em segundo lugar, com 27% da população, em seguida a região Sul, com cerca de 15%, a Norte com 9% e a Centro Oeste, abrigando 8%. As regiões Sul e Sudeste são importantes bacias leiteiras do país.

Estas informações são importantes para a compreensão da segunda análise desta edição. A Figura 2 apresenta o número de menções aos lácteos em geral e também às bebidas lácteas, dividido entre as regiões. Para fins de comparação, utilizou-se porcentagem, já que o número de menções aos lácteos em geral é muito maior que as menções às bebidas lácteas nas redes sociais.

Nota-se que nas duas regiões mais ricas do país, Centro Oeste e Sudeste, a proporção de menções às bebidas lácteas é menor que aos lácteos em geral. Na região Sul, a proporção entre as menções é exatamente a mesma e, nas regiões em que a renda é menor, a quantidade relativa de tweets sobre bebidas lácteas supera a de lácteos em geral. Este resultado sugere que o consumo de bebidas lácteas é maior na população de menor renda.

Quem que mais comenta sobre o bebidas lácteas?

Os homens formaram maioria, entre os usuários do Twitter que publicaram sobre bebidas lácteas. A representatividade masculina foi aumentando com o passar dos anos, e, no total, eles foram os responsáveis por 69,4% das menções ao produto, contra 30,6% de mulheres.

Quanto às gerações, a Y é, de longe, aquela que mais se manifestou a respeito desta classe de produtos nas redes sociais, com 79,2% do total de tweets, seguida pela geração Z, com 17,9% e, então, a geração X, menos representativa, com 2,8% de publicações.

Analisando a quantidade de tweets por número de habitantes dos estados, o Rio de Janeiro lidera o ranking dos estados de onde se originam o maior número de menções às bebidas lácteas. Em seguida têm-se o Distrito Federal e Rio Grande do Norte e Alagoas. Os quatro estados com menor numero de postagens são, em ordem crescente, Roraima, Acre, Pará e Tocantins, todos pertencentes da região Norte.

Atributos desejados e preferências dos consumidores

Com as informações coletadoas pelo OC é possível identificar quais as características das bebidas lácteas despertam mais interesse dos internautas, bem como os principais acompanhamentos durante o seu consumo.

A embalagem das bebidas lácteas é o seu atributo mais comentado nas redes sociais. O consumidor da atualidade está atento aos rótulos e informações adicionais que uma embalagem traz, como o valor nutricional, a composição do produtos, além de apreciar o seu design. A cor e o sabor destes produtos também são objeto de atenção destes internautas. O preço e o tamanho ficaram em quarto e quinto lugar, respectivamente.

Outros alimentos acompanharam as bebidas lácteas na maioria das postagens, revelando que entre os internautas, existe o hábito de consumí-las durante o café da manha e lanches. As preferências de acompanhamento são o pão, o o café, o queijo, pão de queijo, o chocolate e o suco.

Para melhor compreender o mercado consumidor é importante, também, analisar os sentimentos expressos nas publicações sobre o produto. A análise de sentimento realizada pelo OC identifica se o sentimento manifestado pelos consumidores na publicação é positivo, negativo ou neutro.

A evolução desta análise sobre as bebidas lácteas apresenta o aumento de expressões de caráter positivo com o passar do tempo. As postagens classificadas como positivas passaram de 46%, em 2021, para 54% em 2023. Houve diminuição do conteúdo neutro e do conteúdo negativo, que caiu de 17% em 2021 para 15% em 2023.

O consumo de bebidas lácteas está crescendo! As regiões brasileiras de menor a renda per capita apresentam maior interesse pelo produto. Apesar disso, ao consumir a bebida láctea, outros atributos se mostraram mais importantes que o preço, como a embalagem e suas informações, a cor e o sabor.

 

Fonte: Centro de Inteligência do Leite (CILeite/Embrapa)

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