Secretaria de Agricultura do Paraná mostra cenário para leite e derivados

Secretaria de Agricultura do Paraná mostra cenário para leite e derivados

20 de outubro, 2020

Um estudo do Departamento de Economia Rural (DERAL), da Secretaria de Agricultura do Paraná, aponta que o aumento nos preços da soja e do milho – principais componentes da ração fornecida aos animais – teve grande impacto no custo de produção do leite. O trabalho demonstra que, neste ano, a elevação nos preços dos grãos é superior ao aumento dos preços aos produtores.

No Paraná, o preço do leite subiu 51% em relação ao ano passado, o que se refletiu – obviamente – no preço dos derivados, como queijos, iogurtes e cremes para os consumidores. Na ponta final, as consumidores sentem essa variação nas gôndolas dos supermercados. Já, os custos de produção, subiram mais do que isso. A ração concentrada, por exemplo, subiu 53%, pressionada pelo aumento no custo do farelo de soja que está 84% mais caro.

Segundo Fábio Mezzadri, técnico do DERAL e autor do estudo, os produtores estão se valendo do aumento nas receitas – decorrente da melhoria na rentabilidade com o aumento no preço do leite – para cobrir os custos elevados da soja e milho.

ESTIAGEM

Outros fatores contribuem para o aumento no preço do leite. Segundo o DERAL, a estiagem atrasou o desenvolvimento das pastagens de inverno e, agora, prejudica o plantio e o desenvolvimento das forrageiras de verão. Isso tem retardado a produção de alimentos para as vacas leiteiras, ocasionando queda na produção, com consequente diminuição da oferta de leite no mercado.

Além disso, devido à pandemia e quarentena, com mais famílias em casa, o consumo se mantém aquecido e há uma valorização do leite no mercado spot (entre as indústrias). Está havendo, ainda, um acréscimo nas exportações de lácteos este ano.

PREÇOS

De acordo com a pesquisa, a média estadual dos preços do leite recebidos pelos produtores em setembro de 2020 foi de R$1,97; ou seja, 49% superior ao mesmo mês de 2019, quando o valor recebido foi de R$ 1,32. De janeiro a setembro, a alta foi de 46%, com os preços passando de R$ 1,35 para R$ 1,97 por litro. Nesta primeira quinzena de outubro, os preços têm se mantido em alta. Na semana entre os dias 05 a 09/10, a média do preço recebido pelo produtor foi de R$ 2,04 por litro; ou seja, 3,5% maior que a média de setembro (R$ 1,97).

CUSTOS

Em relação aos custos de produção, o DERAL demonstra que no acumulado do ano de 2020 (janeiro a setembro), o preço da saca de soja se elevou em 57%, passando de R$ 77,64 em janeiro para R$ 122,11 em setembro. Na comparação de setembro de 2019 (R$ 73,54), a setembro de 2020 (R$ 122,11), a alta foi de 66%. “Portanto, altas maiores do que as observadas no valor do litro do leite pago aos produtores”, afirmou Mezzadri.  Assim como para a soja, foram observadas altas elevadas também no milho, outro importante insumo que faz parte da dieta do gado leiteiro.

Na comparação do mês de setembro de 2019 e setembro de 2020, o acréscimo foi de 79% (alta superior a observada no valor do leite recebido no mesmo período), com os preços da saca passando de R$ 28,09 para R$ 50,33 respectivamente. No acumulado do ano (janeiro a setembro), a alta foi de 28%, passando de R$ 39,19 em janeiro/2020, para R$ 50,33 em setembro/2020.

OTIMISMO E CAUTELA

Apesar da crise, pandemia e estiagem, o atual momento é de otimismo e de recuperação da rentabilidade do setor leiteiro. O crescimento das exportações de lácteos que se elevaram este ano 25% em receita e 24% em volume no acumulado do ano (2020/janeiro a setembro) tem contribuído também para esse cenário promissor.

Porém, a análise do DERAL é que o atual momento também pede cautela aos produtores. Segundo Fábio Mezzadri, muitas empresas (laticínios) e técnicos têm orientado os produtores a segurarem maiores investimentos neste período crítico. A orientação vale para investimentos que não são essenciais para as boas práticas de manejo, alimentação e sanidade, indispensáveis a uma produção de qualidade.           

INCERTEZAS

De acordo com o DERAL, o ano de 2020 tem sido bastante atípico para a atividade leiteira. Assim como outros setores do comércio e do agronegócio. “Já observamos neste período os preços pagos aos produtores e os preços no mercado varejista ora subindo e em outros momentos caindo. Por outro lado, empresas ora operando com estoques lotados e ora com dificuldades em encontrar matéria-prima”.

Em relação ao comércio, a partir do segundo semestre, a situação melhorou, muitas redes de restaurantes e lanchonetes que ainda permaneciam fechadas ou em situação de instabilidade tiveram permissão para reabrir, mesmo que ainda com algumas restrições devido à pandemia. Apesar de os produtores de leite estarem recebendo a mais pelo litro do produto, muitos ainda estão se recuperando financeiramente dos preços baixos praticados nos últimos anos. Cenário que ocasionou até o abandono da atividade por muitos produtores. 

 

Fonte: Secretaria da Agricultura e do Abastecimento do Paraná
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