Uso de cães como ferramenta de diagnóstico da mastite bovina
10 de maio, 2021
Dispositivos olfativos estão se tornando possíveis ferramentas no diagnóstico de mastite causada por Staphylococcus aureus em vacas leiteiras. Neste sentido, diversos estudos vêm sendo realizados com animais que podem identificar determinados agentes infecciosos através do odor (como cachorros e ratos).
Como a mastite é uma doença altamente prejudicial aos rebanhos leiteiros, muitos esforço é empregado em pesquisas envolvendo esta enfermidade e o Staphylococcus aureus tem sido isolado com frequência nos quartos mamários investigados. O S. aureus, aliás, é capaz de causar infecções de longa duração, com tendência a se tornarem crônicas, com baixa taxa de cura e com grande perda na produção de leite.
Quanso se utiliza a terapia com antibióticos, vários fatores podem interferir na cura bacteriológica, seja devido ao estágio da ocorrência da infecção, à presença de bactérias em abscessos, ou a incapacidade de defesa das células. Mas, tratar vacas sem saber exatamente qual o patógeno envolvido tende a ser problemático, pois o tratamento pode não ser específico para o agente causador, resultando em: descarte de leite, custos desnecessários com medicamentos, recuperação retardada da vaca e a possibilidade de aumento da resistência bacteriana (pelo uso excessivo de antimicrobianos inespecíficos).
Uso de cães
Um estudo realizado na Alemanha, em 2018, teve como objetivo treinar cães para que pudessem identificar Staph. aureus em amostras de leite. Além disso, os animais também foram treinados para diferenciar outros patógenos causadores de mastite em vacas leiteiras.
Os objetivos do estudo foram demonstrar que cachorros podem:
- Discriminar o odor de Staph. aureus do odor de outros patógenos como Escherichia coli, Streptococcus uberis, Streptococcus dysgalactiae, Pseudosmonas aeruginosa e Candida albicans;
- Identificar Staph. aureus, Strep. uberis e Enterococcus inoculados em leite;
- Identificar Staph. aureus de amostras de leite com mastite clínica.
Para realizar o estudo, foram selecionados nove cães de raças aleatórias, tais como: Poodle, Labrador e Border Colie, entre outros. Estes animais e seus donos foram recrutados de forma totalmente voluntária por um centro de treinamento canino alemão.
Dos nove participantes, cinco cães já possuíam alguma experiência prévia com farejamento, enquanto os demais receberam um treinamento avançado de um instrutor com pós-graduação em comportamento animal. O treinamento avançado, por sua vez, foi realizado com base em 10 etapas com reforço positivo com um clicker e alimento como recompensa para o reforço secundário do animal.
O protocolo de treinamento dos cachorros para diferenciar S. aureus de outros agentes infecciosos comuns envolveu diversas etapas para que o animal reconhecesse o patógeno. Estas etapas envolveram a apresentação de um cotonete com S. aureus para os cães e diversas situações de repetição para que o treinamento e o reconhecimento fossem possíveis.
Apesar de ser um estudo extremamente trabalhoso e extenso, pode-se afirmar que foi essencial para os criadores de bovinos leiteiros e pesquisadores da área, pois demonstrou-se que a bactéria Staphylococcus aureus emite um odor específico quando cultivada em placas de ágar, inoculada em amostras de leite ou obtida de vacas com mastite clínica, direcionando assim para futuras pesquisas.
O treino e o uso de cães farejadores para detecção de odor em laboratórios são difíceis devido às críticas condições de higiene e pela relativamente complicada operacionalização desta forma de diagnóstico. Porém, os resultados desses experimentos enfatizam o potencial da detecção de odores pelos cães como uma ferramenta para o diagnóstico de patógenos da mastite bovina.
Fonte: Milk Point