Dr. Agro: Tendências do Agronegócio na Pós-Pandemia
03 de agosto, 2021
1. Digitalização dos Agronegócios e Intensificação do Comportamento Online
Avanços impressionantes de digitalização foram evidenciados na atividade agropecuária graças à pandemia, intensificando a busca por soluções digitais de monitoramento de propriedades à distância e sistemas de informação para embasar a tomada de decisão dos fazendeiros.
Serviços online de compra de insumos, venda das commodities relacionados à obtenção de financiamento e crédito rural se destacaram no atual cenário e vêm para ficar na nova economia. Além disso, diversos esforços foram realizados por empresas de insumos agrícolas e canais de distribuição para a realização de feiras, eventos e dias de campo completamente digitais, com atendimento e negociações via plataformas. Modelos híbridos (digital + físico) devem se tornar cada vez mais frequentes na agenda estratégica do setor.
Ainda há uma avenida muito grande de oportunidades a serem exploradas em linha com a agricultura digital, internet das coisas (IoT), big data, imageamento aéreo e sistemas de gestão, os quais estão revolucionando a atividade no campo e permitindo que agricultura seja tratada na lógica do metro quadrado, e não mais na ótica do hectare, visando à economia de recursos e insumos e garantindo uma agricultura mais sustentável. Ademais, com o aumento das transações digitais, cresce também o fluxo de informações geradas, aumentando a transparência e a rastreabilidade e reduzindo as assimetrias informacionais.
Ainda, com a onda de digitalização e a adoção de home office por grande parte da estrutura administrativa das organizações, muitos processos passaram a ser otimizados, relacionados aos deslocamentos para realização de atividades e reuniões, fluxos logísticos de produtos, entre outros. Essa estrutura deve se perpetuar nos negócios, garantindo economia de tempo e uma gestão mais eficiente de recursos.
2. Segurança Alimentar e Sustentabilidade
A pandemia deve provocar uma mudança profunda de exigências nos sistemas produtivos no que se refere à sanidade, qualidade e rastreabilidade, levantando a régua dos mecanismos de produção. Assim, grandes oportunidades são desenhadas ao Brasil no pós-Covid-19 para abrir novos mercados e conquistar a posição de maior fornecedor sustentável de alimentos, biocombustíveis e agroprodutos. Durante a pandemia, o país já intensificou seu relacionamento com outras nações, abrindo novos mercados para exportação, e com potencial de suprir a demanda de diversos outros.
Nesse sentido, as cadeias agroalimentares deverão se tornar cada vez mais transparentes, graças à utilização de tecnologias como blockchain e IoT, permitindo que as informações sobre os alimentos estejam disponíveis nos smartphones dos consumidores no mundo inteiro. Assim, o desenvolvimento dessas tecnologias também deve estar no radar do setor, de modo a evidenciar os diferenciais competitivos de nossos produtos.
Além disso, ganham força os movimentos em prol da sustentabilidade e do bem-estar animal, com destaque para os novos modelos de produção circulares, inclusão social, bioeconomia (biomassa, bioplástico, biocombustível e bioeletricidade), respeito ao meio ambiente e sistemas de produção “humanizados”. A valorização dos produtos locais também é abraçada nesta onda, com maior apreço pelos produtos locais, iniciativas regionais e certificações de origem.
3. Economia Compartilhada e Cooperativa
A economia do compartilhamento também deve ganhar força no setor, com um maior apelo para cooperação entre diferentes negócios, sentimento intensificado durante a pandemia e que deve perdurar. Dessa forma, os modelos de Uber de máquinas e equipamentos, financiamentos coletivos (crowdfunding), novos mecanismos para disponibilização de crédito e modelo de negócios crowdsourcing certamente terão papel estratégico no futuro do setor.
Os pontos listados acima são reflexo de inúmeras análises, relatórios e conversas com agentes participantes das cadeias produtivas do agronegócio. E como utilizar essas reflexões? Todas as organizações devem estar atentas aos principais “fatos” norteadores do setor (alguns deles listados nesse artigo), avaliar os principais “impactos” que estes causarão (desafios e oportunidades) e definir “ações” para enfrentar esses desafios, maximizando oportunidades e minimizando as ameaças, visando à garantia de sua captura de valor. Temos muitas oportunidades pela frente no agronegócio, ao trabalho!
Escrito por: Marcos Fava Neves, o Dr. Agro
Fonte: Revista Syngenta Digital - Coluna Tendências do Agronegócio
Disponível em: https://syngentadigital.ag/revista/colunas/tendencias-do-agronegocio/