Prós e contras da lactação prolongada na pecuária de leite

Prós e contras da lactação prolongada na pecuária de leite

22 de fevereiro, 2023

A vaca atinge seu pico de produção de leite aproximadamente 3-6 semanas após o parto e, então, ocorre um declínio gradual na produção. Um período de lactação de 305 dias é padrão. Ainda assim, como a demanda por leite e outros produtos lácteos continua aumentando, muitos produtores procuram maneiras de aumentar a produção e a lucratividade. Uma estratégia que vem ganhando popularidade nos últimos anos é a lactação prolongada, que tem seus prós e contras.

A Dairy Global conversou com Eline Burgers, PhD do departamento de Nutrição Animal da Wageningen Livestock Research (Holanda), para discutir esta prática que é comum em países da União Europeia.

Estudos têm mostrado que vacas mantidas em lactação por períodos mais longos podem produzir mais leite do que aquelas que são secas precocemente. Uma pesquisa descobriu que as vacas mantidas em lactação por 12 meses produziram uma média de 5.500 kg de leite por ano, enquanto aquelas que foram secas após 9 meses produziram uma média de 4.000 kg de leite por ano.

Período de lactação prolongado

O período de lactação pode ser estendido de diferentes maneiras, mas alguns produtores europeus o fazem atrasando a inseminação das vacas após o parto. De acordo com Burgers, os produtores selecionam vacas específicas para atrasar a inseminação, com base na produção de leite, na condição corporal ou em subsídios. O sucesso da reprodução tardia depende de vários fatores que podem ser suportados pelo uso de tratamentos hormonais, genética ou diversas técnicas de manejo.

Se os produtores estenderem a lactação para todas as suas vacas, porém, pode-se esperar uma queda na produção total de leite. Vacas multíparas que têm uma lactação muito longa podem acabar tendo uma produção de leite muito baixa. As vacas primíparas podem lidar muito bem com uma lactação prolongada devido à sua persistência.

Melhor na saúde da vaca

Outra vantagem da lactação prolongada é que ela pode melhorar a saúde e o bem-estar das vacas leiteiras. Quando as vacas são secas precocemente e com alta produção de leite, elas correm o risco de ter problemas de mastite e claudicação. A inseminação tardia diminui o risco de doenças, pois as vacas são secas mais tarde na lactação, quando a produção de leite é reduzida.

Embora a lactação prolongada diminua o risco de doenças, existem alguns riscos especificamente relacionados à esta prática, como possíveis distúrbios metabólicos (cetose, por exemplo). Isso, no entanto, varia por vaca. Estudos têm mostrado que vacas mantidas em lactação por períodos mais longos têm mais dificuldade para emprenhar, o que pode impactar negativamente na produtividade geral do rebanho. Mas, quando a inseminação foi deliberadamente adiada, alguns estudos relataram melhora no desempenho reprodutivo.

Uma análise econômica mostrou que vacas com lactações prolongadas têm menores custos anuais com alimentação e inseminações e menos tratamentos veterinários, mas também menores receitas anuais com a produção de leite.

Número de vacas e preocupações ambientais

Burgers acredita que, selecionando vacas de alta produção para lactações prolongadas, os produtores podem reduzir o número de vacas que precisam manejar, facilitando seu trabalho. Ela também observou que essa prática está sendo investigada em outros países europeus, como Alemanha, Suécia e Dinamarca, pois os produtores desses países também enfrentam problemas semelhantes de produção e doenças.

Quando perguntada sobre preocupações ambientais relacionadas ao prolongamento da lactação, Burgers afirmou que depende da seleção da vaca e de como a prática é implementada na fazenda. O aumento das emissões de metano foi relatado em vacas leiteiras durante os estágios finais da lactação, mas quando vacas de alta produção são selecionadas, isso pode ser limitado. Além disso, a lactação prolongada tem o potencial de aumentar a expectativa de vida das vacas, o que pode ter um resultado mais ecológico ao longo da vida dos animais.

Os prós da lactação prolongada incluem:

  • As vacas podem produzir mais leite em 1 lactação;
  • A lactação prolongada pode reduzir o número de gestações por vaca, reduzindo o risco de problemas de saúde associados ao parto, como infecções uterinas e cetose;
  • Os produtores podem reduzir os custos associados a gestações frequentes e criação de bezerros e custos de alimentação;
  • Quando a reprodução é atrasada, o desempenho reprodutivo das vacas geralmente melhora.

Os contras da lactação prolongada incluem:

  • Lactações prolongadas podem diminuir a produção de leite por ano;
  • Especialmente para vacas multíparas com lactações muito longas, existe um risco maior de engorda no final da lactação e distúrbios metabólicos relacionados no próximo parto;
  • Prolongar o período de lactação pode exigir monitoramento mais frequente das vacas, o que pode aumentar os custos de mão de obra para os produtores;
  • Lactações prolongadas podem contribuir para o aumento das emissões de gases de efeito estufa.

No geral, embora a lactação prolongada possa oferecer alguns benefícios, ela tem suas desvantagens. É importante que os produtores pesem os prós e os contras e considerem fatores como seu rebanho específico e práticas de manejo antes de decidir se implementam ou não a lactação prolongada.

 

Fonte: Dairy Global

Traduzido e adpatado pelo Canal do Leite

Disponível em: https://www.dairyglobal.net/dairy/milking/pros-and-cons-of-extended-lactation-in-dairy-cattle/?utm_source=Maileon&utm_medium=email&utm_campaign=DG_REG_2023-02-16&utm_content=https%3A%2F%2Fwww.dairyglobal.net%2Fdairy%2Fmilking%2Fpros-and-cons-of-extended-lactation-in-dairy-cattle%2F&mlnt=d-obDA-2Tw0raZgzPC_tmCPwehr4OzVDsQYgjX4ZovMokscDNPeW0Q&mlnm=Esx24auJF3c&mlnl=jVK447GSmKw&mlnc=o7beRoeU1xk&mlnch=at1Qi1p9WYk3ddme0ChMwA&mlnmsg=Zq3d7_eUSOx_hk3GNjraJQ

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