Maurício Santolin


Zootecnista

santolin.mauricio@terra.com.br

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Quando o agro sofre, o Brasil inteiro paga

16 de agosto, 2025

Não é de hoje que o produtor rural brasileiro enfrenta pressões crescentes. De um lado, a guerra comercial com os Estados Unidos impõe incertezas e fecha portas. De outro, dentro do próprio país, o cenário é ainda mais desafiador: endividamento em alta, juros sufocantes e uma sequência de aumentos de impostos que refletem a má gestão federal. O resultado é um campo asfixiado — e uma conta salgada que chega direto à mesa do consumidor.

A disputa com os EUA vai além de tarifas: é uma batalha por mercado, influência e protagonismo no comércio global. Cada nova barreira lá fora mina a competitividade do Brasil aqui dentro. Quando perdemos espaço para exportar, sobra produto internamente, distorcendo preços e desestabilizando toda a cadeia produtiva.

Enquanto isso, o produtor nacional se vê acuado. O crédito, que deveria impulsionar o setor, tornou-se uma armadilha. Com juros exorbitantes, até o planejamento mais conservador se torna inviável. Quem precisa financiar a safra, a colheita ou a produção de leite acaba afundado em dívidas. Muitos já se perguntam se vale a pena continuar — ou se chegou a hora de abandonar a lida.

E, como se não bastasse, o governo insiste em resolver sua própria ineficiência aumentando impostos. Cada nova carga tributária — seja sobre insumos, combustíveis, maquinário ou energia — eleva os custos de produção. O reflexo é imediato: alimentos mais caros e inflação no prato do brasileiro.

Esse é o ponto-chave: quem paga essa conta não é apenas o produtor rural. É o consumidor. É a família que vai ao mercado e encontra o leite, o arroz, a carne e até o pão do café da manhã com preços cada vez mais altos. O que começa no campo termina no bolso de todos nós.

O Brasil precisa acordar para essa realidade. O agro não pode ser visto apenas como vitrine de exportações enquanto, por dentro, agoniza. É urgente adotar políticas agrícolas sérias, com crédito justo, estabilidade tributária e, acima de tudo, respeito a quem garante alimento na mesa do país.

Porque, no fim das contas, quando o agro sofre, não é só o campo que perde. É o Brasil inteiro que paga.

 

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