Consumo de leite se mostrou fator de sobrevivência para humanos

Consumo de leite se mostrou fator de sobrevivência para humanos

A persistência da enzima lactase na idade adulta - permitindo que boa parte dos humanos modernos (Homo sapiens) consumam leite e seus derivados, sem nenhum problema ao longo de toda a vida - representa o gene único mais fortemente selecionado em múltiplas populações humanas, nos últimos 10 mil anos.

Agora, em um estudo publicado no periódico Current Biology, pesquisadores investigaram o material genético de indivíduos da Idade do Bronze e encontraram que o aumento de frequência no alelo associado à persistência da lactase ocorreu - de forma significativa - nos últimos 3200 anos. O consumo de leite além da infância, de alguma forma, se mostrou um fator de sobrevivência extremamente importante para a nossa espécie. 

Segundo os pesquisadores, a única explicação para um aumento de frequência tão brusco nesse alelo nos últimos 3 mil anos (cerca de 120-130 gerações) é uma forte e contínua seleção natural atuante. De alguma forma, os humanos se tornaram muito dependentes do leite oriundo da criação de animais para uma melhor chance de sobrevivência.

Os pesquisadores estimaram que, em cada geração, os indivíduos com persistência de lactase tinham 6% maior chance de sobrevivência do que aqueles sem esse fenótipo. Esta questão se torna mais intrigante considerando que o avanço nas habilidades de agricultura e o aumento na diversidade dietária desde o Neolítico forneciam fartas alternativas ao consumo de leite.

Além do fato do leite e seus derivados serem uma rica e balanceada fonte de nutrientes, existem várias explicações que talvez expliquem o fomento à forte seleção natural observada. Entre estas explicações, podemos destacar que o leite: 

a) Pode melhorar a absorção de cálcio ao suplementar dietas com baixo teor de vitamina-D em altas latitudes (menor incidência solar para a produção endógena dessa vitamina);

b) Fornece um fluído (hidratação) relativamente livre de patógenos;

c) Pode suprimir os sintomas da malária por meio de uma redução na ingestão de ácido p-aminobenzoico;

d) Pode melhorar a saúde intestinal por meio da modificação benéfica do microbioma no cólon, via fornecimento de galactose e galacto-oligossacarídeos.

É provável que mais de um desses fatores atuaram em conjunto, acompanhando o substancial aumento populacional nesse intervalo de tempo. Associações com fatores de aumento da imunidade contra infecções parecem ser as mais plausíveis.

 

Fontes:  

Current Biology, Sept 03, 2020

Nutrients. 2019 Aug; 11(8): 1860

 

Foto: Skynesher / Getty Images 

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