A desregulamentação do mercado de leite prejudicou os produtores na Austrália

A desregulamentação do mercado de leite prejudicou os produtores na Austrália

23 de março, 2019

Os produtores de leite australianos estão sentindo o limite da desregulamentação e da globalização na sua agropecuária. Embora os conceitos de negociação em igualdade de condições sejam louváveis, a experiência dos últimos 30 anos mostra que a proteção de mercado na Europa e nos EUA não será prontamente desmantelada. 

É ingênuo esperar que essa situação mude em um período de tempo que permita a manutenção de uma indústria viável de lácteos na Austrália.

Produtores de leite australianos competem localmente com queijos e laticínios subsidiados da União Europeia, EUA e outros países. Permitiu-se que os preços do leite de exportação estabelecidos em mercados corruptos determinem o preço do leite integral na Austrália, onde não há subsídios.

Com apenas 30% do leite da Austrália sendo exportado, o rabo está abanando o cachorro. A valorização do leite a um preço de exportação para os mercados internos resulta em uma perda de viabilidade dos produtores locais.

Desde a desregulamentação do mercado em 2000, a rentabilidade dos produtores de leite no Sul da Austrália foi essencialmente zero. Houve uma volatilidade acentuada, com os produtores lucrando em alguns anos, mas com grandes perdas em outros.

Esses resultados eram previsíveis. O Dr. Ian Lean (Professor da Universidade de Sydney e Diretor da Consultoria Scibus) afirma que notou “uma forte pressão descendente sobre os preços de mercado do leite integral, através da concentração do poder de compra nas redes de supermercados”.

Os efeitos dessas mudanças em produtores individuais são acelerar as tendências em direção a fazendas maiores, alta produção por vaca e manejo mais intensivo do gado. Mas, “mudanças menos óbvias podem incluir a pobreza rural", acrescenta o professor.

Agora em 2019, muitos produtores de leite diminuíram sua viabilidade com fazendas maiores, porém menos lucrativas. Além disso, os grandes contratos oferecidos pelas cadeias de supermercados aos processadores de leite levaram a propostas baixas, fazendo com que os produtores recebessem preços abaixo dos custos de produção.

Embora nem todo o colapso na produção de leite, desde 2011, possa ser atribuído à queda dos preços, o declínio da produção (e dos lucros) e o menor número de fazendas não são mera coincidência.

É importante ressaltar que há demandas crescentes de proteína animal. Estima-se que precisaremos de 70 a 100 por cento mais alimentos do que o atualmente produzido no mundo até 2050.

É vital identificar maneiras de garantir que haja produtores suficientes para atender as demandas futuras. 

 

Fonte: The Bullvine

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