Balança comercial brasileira: importações de lácteos seguem em alta

Balança comercial brasileira: importações de lácteos seguem em alta

07 de outubro, 2022

Segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (SECEX), no mês de setembro, o déficit da nossa balança comercial de lácteos foi de aproximadamente 190 milhões de litros em equivalente-leite. Em comparação com o mês anterior, isso representa uma piora de aproximadamente 13,2% (-25 milhõesde litros) no saldo comercial brasileiro.

Em relação à setembro/2021, o saldo foi ainda mais negativo, sendo que o saldo em equivalente-leite naquele período tinha sido de -73 milhões de litros. Essa foi a quinta variação negativa consecutiva (ver gráfico 1) e o valor é segundo menor da séria histórica, ficando atrás apenas de setembro de 2016, quando o saldo atingiu -193 milhões. 

As exportações seguiram sem grandes alterações, passando por uma leve elevação de 0,7 milhões de litros no volume exportado, com avanço de 10,1% em relação ao mês anterior. Na comparação com 2021, o cenário é semelhante, ocorrendo um acréscimo de 0,6 milhões de litros, que representa um avanço de 8,6% no volume exportado no período.

Do lado das importações, observou-se um avanço nas negociações, com um cenário de preços internacionais operando em patamares baixos. Em setembro houve um aumento de 14,8% nas importações, em relação ao mês anterior, com um acréscimo no volume de importações de 25,4 milhões de litros em equivalente-leite.

Analisando-se o mesmo período do ano passado, também se nota um forte aumento nos volumes importados. Em setembro/2021, 80,1 milhões de litros em equivalente-leite foram importados. Mas, em 2022, esse valor teve uma variação positiva de aproximadamente 146,6%.

Este resultado foi o segundo maior para o volume de importações da série histórica, ficando atrás apenas de setembro de 2016, quando as importações atingiram 225,5 milhões de litros em equivalente-leite.

O que podemos esperar para o próximo mês?

Após o leilão Global Dairy Trade (GDT) passar por correções nos preços e avançar no mês de setembro, devido ao aumento da demanda de países emergentes - como a Argélia e o Marrocos, que aproveitaram os preços em baixa - os preços voltaram a recuar neste início de outubro e seguem em níveis baixos.

A demanda chinesa segue aquém do esperado e a oferta começa e se elevar frente a sazonalidade de produção, ocorrendo pressões de baixa nos valores praticados. Impulsionando este cenário tem-se o risco de recessão econômica mundial, com novos dados norte-americanos trazendo um cenário pessimista para o mercado e a Europa enfrentando crise econômica e energética, frente a problemas climáticos e a guerra da Ucrânia.

Em contrapartida, os preços no mercado interno passaram por sucessivas quedas nas últimas semanas, frente a demanda ainda desestabilizada e aumento da oferta. Este cenário contribui para desestimular as importações.

Sendo assim, para os próximos meses, com a produção interna de leite aumentando e com preços de vendas das indústrias em patamares inferiores aos vistos meses atrás, as importações devem começar a perder força, e a janela de exportações, pelo menos a curto prazo, ainda deve se manter fechada.

 

Fontes: Secex e Milkpoint

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