CEPEA: Captação nacional de leite caiu 5,05% em 2022

CEPEA: Captação nacional de leite caiu 5,05% em 2022

18 de abril, 2023

Dados da Pesquisa Trimestral do Leite do IBGE de 2022 mostram retração de 5,05% na captação do leite no país em relação ao volume total de 2021. O Brasil registra assim o montante de 23,8 bilhões de litros captados em 2022, contra 25,1 bilhões em 2021, configurando o segundo ano consecutivo de redução na quantidade de leite adquirido, além do menor volume dos últimos seis anos.

Quando analisado o estado de Minas Gerais – que, além de ser o principal produtor nacional, possui distintas realidades de produção leiteira – observa-se queda de 5,9% na captação, resultado acima do nacional. Em consequência dessa restrição da oferta no campo, o leite UHT em 2022 apresentou preços recordes. Conforme o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (CEPEA), o produto atingiu R$ 6,50/litro no atacado paulista em julho/22. No ano, no estado de São Paulo, houve retração de 6,36% na captação. Com a mesma intensidade, o preço pago ao produtor chegou a R$ 3,57/litro (média Brasil), sendo outro recorde histórico da série do CEPEA.

Além do clima adverso em algumas regiões, os custos de produção e as margens estreitas da atividade influenciaram a redução na oferta do leite. Os dados do Projeto Campo Futuro mostram significativo aumento de 50% no Custo Operacional Efetivo (COE) no acumulado de janeiro de 2020 a fevereiro de 2023 para a “Média Brasil” (MG, PR, RS, SC, GO, SP, BA). Em 2022, houve certa estabilidade dos custos mesmo diante do cenário de inflação global, com alta de 2,5%, sendo um panorama mais positivo frente aos anos anteriores o COE subiu 18,7% em 2021 e 23,4% em 2020. Ressalta-se, entretanto, que os custos e os preços dos insumos continuam historicamente elevados, pressionando –  assim – as margens da atividade.

E o principal fator que elevou os custos nos últimos anos foi a valorização da dieta total, seja para adquirir as rações concentradas ou para produzir o volumoso na propriedade. Em 2021, em um espaço de tempo relativamente curto, os produtores se viram diante de uma nova realidade de preços dos insumos, acompanhada por períodos de significativa perda no seu poder de compra.

Em Minas Gerais, a relação de troca (leite vs. concentrado com 18% de proteína bruta) – especialmente ao longo dos seis últimos trimestres – esteve em patamares historicamente elevados, sendo necessários praticamente um litro de leite (ou até mais) para adquirir um quilo da ração. Nota-se que, dentro de uma década, essa relação nunca permaneceu por tanto tempo em um patamar tão desfavorável ao produtor como nos últimos anos (Gráfico 1). Além disso, essa relação só foi mais favorável, ou abaixo da média histórica, para os meses quando o preço do leite foi negociado acima dos 3 R$/litro.

Quando analisada a relação de troca dos fertilizantes utilizados na produção da silagem de milho, nota-se também quão desfavorável foi o cenário ao produtor na safra passada, quando foram necessários 2,38 mil litros em média para adquirir uma tonelada de ureia. Na safra de 2021, essa média havia sido de 1,13 mil litros; ou seja, aumento de 110% na relação de troca em 2022. Para o KCL – fertilizante cujas as cotações globais foram impactadas pela conjuntura do conflito entre Rússia e Ucrânia – eram necessários 1,23 mil litros de leite para a aquisição de uma tonelada do fertilizante na safra de 2021, subindo para 2,6 mil litros em 2022, aumento de expressivos 115%.

Em relação às margens brutas da atividade, os dados da “Média Brasil” do Projeto Campo Futuro mostram redução, na ordem de 8,8% em 2022 na comparação com 2021. Quando analisadas as margens brutas médias estaduais por litro de leite para os principais estados produtores – MG, PR e RS – foi vista redução próxima de 30% em 2022 em comparação com o ano anterior.

Para o primeiro bimestre de 2023, as margens da atividade continuam próximas das observadas nos últimos meses de 2022, com o COE do leite sendo equivalente a mais de 80% da receita obtida, nos dados médios para MG (Gráfico 2). Portanto, destaca-se que as margens ao produtor continuam estreitas. Se as projeções para segunda safra se confirmarem positivas, a tendência é de que os preços das rações estejam um pouco menos pressionados no mercado interno, embora a demanda internacional possa modificar pontualmente as cotações.

 

Fonte: CEPEA – Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada

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