CEPEA: Movimento de alta ganha força e leite acumula valorização de 14,5% no ano

CEPEA: Movimento de alta ganha força e leite acumula valorização de 14,5% no ano

26 de junho, 2022

O preço do leite captado em abril/22 (pago aos produtores em maio/22) subiu 4,4% frente ao mês anterior, chegando a R$ 2,5444/litro na “Média Brasil” líquida do CEPEA. Em relação a maio do ano passado, o aumento é de 11,8%, em termos reais (valores deflacionados pelo IPCA de maio/22). Porém, desde janeiro, o leite acumula valorização real de 14,5% no campo. E as pesquisas apontam continuidade do movimento altista, de modo que o valor pago aos produtores em junho pode avançar cerca de 5% – frente à captação de maio – na “Média Brasil” líquida.

A valorização de leite no campo se deve à sua menor oferta. O Índice de Captação Leiteira do CEPEA caiu 3,7% entre março e abril, acumulando recuos de 8,2% (desde o início deste ano) e de 4,5% (desde abril/21). Com menor disponibilidade de leite, a concorrência entre as indústrias de laticínios para assegurar a captação de matéria-prima seguiu intensa, sustentando o movimento de elevação nos preços do leite cru.

Essa menor produção de leite está relacionada ao avanço do período de entressafra na produção – que ocorre entre o outono e o inverno – quando o clima mais seco prejudica a disponibilidade e a qualidade das pastagens. Cabe destacar que, neste ano, lidar com a entressafra está mais complicado para o produtor. As alterações climáticas ocorridas pela La Niña, no final do ano passado, prejudicaram a qualidade da silagem que compõe o manejo nutricional dos animais nesta época. Além disso, os elevados custos de produção, com diversos insumos pressionando as margens dos pecuaristas desde o ano passado, vem complicando os investimentos de longo prazo. Isso tem reduzido o potencial de recuperação da oferta, mesmo diante do aumento dos preços pagos ao produtor.

Apesar de os gastos com o concentrado terem recuado, devido às recentes desvalorizações da soja e do milho, o desembolso do produtor com a alimentação do rebanho segue em patamar elevado. Além disso, outros insumos se valorizaram, como combustíveis, medicamentos e suplementação mineral. Ainda assim, pela primeira vez desde 2019, o Custo Operacional Efetivo (COE) da pecuária leiteira não subiu: houve ligeiro recuou de 0,07% na “Média Brasil” em maio.

Em relação à demanda, as pesquisas do CEPEA mostram que, até a primeira quinzena de maio, havia tendência de queda nas cotações dos lácteos, devido à procura enfraquecida na ponta consumidora da cadeia. Contudo, a oferta enxuta no campo, a diminuição dos estoques de forma generalizada entre as indústrias e o encarecimento do leite spot (negociado entre as indústrias) a partir da segunda quinzena de maio inverteram essa tendência.

Em Minas Gerais, o leite spot se valorizou 3,4% da primeira para a segunda quinzena de maio. Na média mensal, porém, o valor ficou praticamente estável (-01%) frente a abril, em R$ 3,01/litro. As negociações seguiram aquecidas em junho, com forte aumento de 26,2% na média mensal, que chegou a R$ 3,80/litro.

A baixa disponibilidade de leite e o aumento dos preços ao produtor e dos derivados elevou a competitividade dos produtos internacionais no mercado doméstico. Com isso, houve crescimento nas importações e recuo nas exportações de lácteos em maio.

Fonte: CEPEA / Boletim Leite – Junho 2022

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