CEPEA: Preço ao produtor reage diante de captação limitada
25 de janeiro, 2024
Depois de cair por seis meses consecutivos, o preço do leite captado em novembro subiu 1,3% na “Média Brasil”, chegando a R$ 1,9981 por litro. Este valor, no entanto, é 24,5% menor do que o registrado em novembro/22. E, no acumulado de 2023, em termos reais, a queda ainda é de 23,8% (valores deflacionados pelo IPCA de novembro/23).
Até outubro, a desvalorização do leite esteve atrelada ao excesso de oferta, que – por sua vez – decorria do aumento da produção doméstica e das importações crescentes. Porém, a captação dos laticínios tem se desacelerado desde setembro, o que explica a mudança no comportamento dos preços em novembro. Segundo o CEPEA, esse cenário altista deve permanecer pelo menos até o segundo bimestre de 2024, em razão da menor produção.
O Índice de Captação Leiteira (ICAP-L) do CEPEA caiu 0,7% de outubro para novembro, pressionado por recuos mais intensos nos estados do Sul do país. Além da questão climática, as margens deprimidas dos pecuaristas explicam a menor produção de leite.
Para o CEPEA, o Custo Operacional Efetivo (COE) da pecuária leiteira na “Média Brasil” seguiu em alta em dezembro, registrando aumento de 0,48%. No acumulado de 2023, o COE caiu 4,38% na “Média Brasil”; redução muito inferior à da receita, resultando em margens apertadas para os produtores. O CEPEA estima que a margem bruta dos pecuaristas tenha recuado 67% em 2023, o que explica a diminuição dos investimentos na atividade e o enxugamento da oferta.
Com a queda no preço do leite, as importações chegaram a perder força em setembro, mas voltaram a crescer nos meses seguintes, tendo em vista a limitação da captação. Dados da Secretaria de Comércio Exterior (SECEX) mostram que as compras externas somaram 2,25 bilhões de litros em equivalente leite em 2023, volume 68,8% maior que o adquirido em 2022.
Mesmo com a alta da matéria-prima, os laticínios não conseguiram fazer o repasse para os canais de distribuição em dezembro e os preços dos lácteos voltaram a registrar quedas. Segundo especialistas do setor, a desvalorização dos derivados se explicou pela maior pressão dos canais de distribuição, aumento da disputa entre laticínios na venda e pela concorrência com os produtos importados. Porém, há indícios de que esse cenário mude em janeiro, diante da maior dificuldade das indústrias em assegurar a captação.
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Fonte: CEPEA – Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada