Com custos de produção elevados, oferta de leite segue limitada

Com custos de produção elevados, oferta de leite segue limitada

21 de setembro, 2021

Pesquisas do CEPEA mostram que o preço do leite captado em julho (pago aos produtores em agosto) subiu 1,23% na “Média Brasil” líquida, chegando a R$ 2,3595/litro. Desta forma, as cotações acumulam aumento de 5% desde janeiro, apresentando média de R$ 2,1618 por litro – valor 28% acima da média de janeiro a agosto de 2020, em termos reais (dados deflacionados pelo IPCA de agosto/21).

Agentes do mercado têm expectativa de que o movimento de valorização siga firme em setembro, fundamentado na menor qualidade das pastagens e nos elevados custos de produção, os quais têm limitado a oferta. A alta dos custos de produção, inclusive, está impedindo um ajustamento rápido da oferta à demanda. Mesmo com os elevados preços do leite, os investimentos na atividade seguem limitados, já que as margens dos pecuaristas estão mais apertadas neste ano.

Os insumos da pecuária de leite subiram mais que o preço do leite no acumulado do ano. Segundo o CEPEA, desde o início do ano, o custo operacional efetivo da atividade registrou avanço de 14%. Nesse contexto, a oferta de leite no campo cresce de forma lenta. O Índice de Captação Leiteira (ICAP-L) registrou aumento de apenas 1,7% no volume adquirido pelas indústrias entre junho e julho.

Em Minas Gerais e em São Paulo, a captação esteve praticamente estável, de modo que a alta foi puxada pelos estados do Sul – que, na média, tiveram aumento de 2,9%. Em 2020, a captação em julho subiu quase 6%, com incrementos de 9% no Sul e de 4% em Minas Gerais e São Paulo. Em agosto, a competição dos laticínios pela compra de matéria-prima seguiu acirrada, já que agentes querem evitar capacidade ociosa não programada – e isso deve influenciar na manutenção do movimento altista ao produtor em setembro.

O preço do leite negociado no mercado spot em Minas Gerais apresenta média de R$ 2,54/litro em agosto, alta de 0,8% sobre a de julho. No entanto, a demanda por derivados lácteos não reagiu como esperado pelos agentes, impedindo aumentos proporcionais nos preços negociados pela indústria junto aos canais de distribuição. Buscando preços mais competitivos, a indústria elevou o volume de importações de lácteos, sobretudo de leite em pó e de queijos – apesar do aumento dos preços externos e do patamar do câmbio.

Diante disso, as negociações do leite spot em Minas Gerais perderam força em setembro, e os preços caíram de R$ 2,58/litro, na primeira quinzena, para R$ 2,50/ litro na segunda, recuo de 3%. Assim, os atuais fundamentos apontam possível estabilidade nos valores do leite captado em setembro e a ser pago ao produtor em outubro. No entanto, tudo irá depender das condições climáticas e do volume de chuvas no período. Com custos de produção elevados, oferta de leite segue limitada.

 

Fonte : Cepea/Esalq/USP

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