Como o crescente suprimento de leite da China está afetando as exportações globais de laticínios
01 de outubro, 2024
O maior importador do mundo está se tornando cada vez mais autossuficiente em laticínios. Como isso está impactando as principais exportações de produtos lácteos?
O suprimento de laticínios tem sido um pilar fundamental da política do governo chinês desde 2018. O país se propôs a aumentar sua produção de leite em 10 milhões de toneladas métricas de 2018 a 2025, uma meta alcançada em 2023. De acordo com estimativas do Rabobank, isso aumentou a autossuficiência do suprimento de leite da China de 70% para 85%, reduzindo ainda mais a dependência do país em importações.
Nesse cenário, quais commodities e categorias de produtos lácteos foram mais afetadas?
Leite em pó integral e desnatado
A importação de leite em pó integral (LPI) foi a categoria mais notavelmente afetada pelo foco estratégico da China na produção de lácteos, dada a posição do país como o maior importador mundial desse produto. Embora as importações tenham mais que dobrado de 2010 a 2022 – de 325.000 toneladas métricas para quase 845.000 toneladas métricas – elas caíram para apenas 430.000 toneladas métricas em 2023.
De acordo com a previsão do Rabobank, para 2024, essas importações devem aumentar para 460.000 toneladas métricas e se estabilizar em cerca de 500.000 toneladas métricas até 2025.
Por outro lado, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) espera que a fraca demanda do mercado por leite em pó desnatado (LPD), maior produção doméstica de LPI e LPD, bem como um maior estoque doméstico de LPI moderem a demanda e reduzam as importações chinesas de LPD em 2024.
De acordo com o Trade Data Monitor do Rabobank, a China foi o maior importador de LPI (em termos de volume médio) entre 2018 e 2022, com 670.000 toneladas métricas. A Argélia vem em um distante segundo lugar com 245.000 toneladas métricas.
Leite fluído e creme
O Trade Data Monitor do Rabobank também destaca que ocorreu um declínio substancial nas importações chinesas de leite fluido e creme, impactando países fornecedores, incluindo Polônia, Alemanha, Austrália e, em menor grau, Nova Zelândia.
Soro de leite (Whey)
Os volumes de soro exportados para a China caíram 38.700 toneladas no primeiro semestre de 2024, de acordo com o Agriculture and Horticulture Development Board, do Reino Unido. O USDA estima que, em 2024, as importações de soro e produtos de soro de leite diminuirão, à medida que a demanda diminui tanto no uso para alimentos quanto no uso para ração animal, devido ao declínio das taxas de natalidade e a um menor estoque de leitões.
Queijo e manteiga
A produção doméstica da China dessas duas commodities é limitada pela capacidade de processamento, enquanto a demanda dos consumidores (principalmente os urbanos mais ricos) está aumentando. Dito isso, o USDA sugeriu, em seu relatório de maio de 2024, que a produção deste ano continua limitada.
Além disso, o departamento americano revisou sua previsão de importações de queijo para permanecer nos níveis de 2023, devido aos declínios esperados nas vendas no varejo chinês e ao aumento no consumo em foodservice. Da mesma forma, as importações chinesas de manteiga devem diminuir a partir de 2023, devido ao menor consumo.
Fonte: Dairy Reporter
Traduzido e adaptado pelo Canal do Leite