Custo de produção de leite tem nova queda em junho
10 de julho, 2023
Reforçando tendência generalizada revelada por indicadores de preços da economia, o ICPLeite/Embrapa também confirmou o viés de queda nos preços de insumos usados na produção de leite. Em junho, este Índice registrou retração e foi de -4,3% em relação a maio. Esta tendência também vem se materializando nos últimos meses e o primeiro semestre de 2023 registrou -4,8% no Índice acumulado de janeiro a junho. Para o acumulado de doze meses o ICPLeite/Embrapa também registrou queda e fechou em -5,8%.
Custo da Alimentação puxou a tendência de deflação
Os custos com alimentação do rebanho registraram expressiva queda em junho. O grupo “Concentrado” teve retração de -7,7% e o grupo “Volumosos” de -7,5%. Caíram os preços de milho, fubá, soja, trigo, caroço de algodão e, consequentemente, da ração concentrada. Isso é reflexo da super safra de grãos deste ano e dos preços internacionais destas commodities, que continuam em baixa, fenômeno que também foi registrado para insumos usados em plantio. O grupo “Energia e combustível” também contribuiu para a retração nos custos de produção, registrando -0,5%.
Três grupos apresentaram elevação de custos. O destaque foi para “Qualidade do leite”, que registrou crescimento de custos de 7,3%, puxada pelo expressivo aumento do preço dos sanitizantes. O grupo “Minerais” teve acréscimo de custos de 2,3% e o grupo “Sanidade e reprodução” teve 1,3% no crescimento de custos de junho. Os dados constam do Gráfico 1.
O primeiro semestre do ano fechou com retração do indicador, cuja variação negativa ficou próxima à que foi verificada em junho. No acumulado de janeiro a junho, o ICPleite/Embrapa caiu em -4,8%.
O semestre levou à formação de três faixas distintas em termos de comportamento de custos. Os grupos “Volumosos” e “Concentrados” tiveram retração de dois dígitos percentuais no semestre e, respectivamente registraram -21,7% e -15,9%. Os grupos “Minerais” e “Energia e combustível” tiveram variações positivas, mas restritas, no acumulado de seis meses e ficaram em 1,7% e 1,1%. Uma terceira faixa se formou com grupos que apresentaram variação acumulada de dois dígitos. O grupo “Qualidade do leite” acumulou 44,0%, "Mão de obra" 30,9% e "Sanidade e reprodução" 12,4%. Os dados constam do Gráfico 2.
Em doze meses, o ICPLeite/Embrapa acumulou uma variação de -5,8%. Os itens de custos que têm formação de preços no mercado internacional tiveram forte elevação no primeiro semestre de 2022, em função as expectativas criadas pelo início da Guerra na Ucrânia. Mas, nos meses subsequentes, os preços foram caindo e isso explica, em grande parte, a retração verificada. A diminuição ocorreu em três grupos. “Volumosos”, “Concentrado” e “Minerais”. Assim, dado o peso relativo da alimentação no custo de produção de leite, representado pelos grupos citados, o ICPLeite registrou deflação no acumulado de doze meses, mesmo com quatro outros grupos apresentado elevação de preços nos itens que os compõem. Os dados são apresentados no Gráfico 3.
A deflação nos preços dos insumos ainda é reflexo da súbita elevação do preço do petróleo e derivados, do preço dos adubos, fertilizantes e defensivos, além dos preços dos grãos, ocorridos no primeiro semestre de 2022. A tensão gerada pela guerra entre Ucrânia e Rússia promoveu um overshooting; ou seja, uma brusca elevação nos preços, motivado pelas incertezas iniciais. Com o passar dos meses este quadro de instabilidade foi se dissipando, com reflexos diretos no ICPLeite.
Some-se a isto, a supersafra de 2023 no Brasil e a valorização do Real frente ao Dólar, reduzindo o custo dos itens cotados no mercado internacional. O Gráfico 4 mostra a variação mensal do ICPLeite/Embrapa. É visível a tendência de queda no custo de produção de leite ao longo de doze meses, demonstrando que ainda não se configurou sinais de reversão desta tendência.
Fonte: Centro de Inteligência do Leite (CILeite/Embrapa)