Mercado abastecido e preços do leite em queda marcam terceiro trimestre

Mercado abastecido e preços do leite em queda marcam terceiro trimestre

26 de outubro, 2025

Os preços do leite cru no campo têm registrado quedas consecutivas há cinco meses e o setor projeta que a desvalorização persista até o final do ano em razão do crescimento da produção. Esta, por sua vez, é resultado tanto dos investimentos realizados no campo quanto do aumento sazonal típico da primavera e do verão.

O último levantamento do CEPEA (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), mostra que – em agosto – houve recuo de 3,2% no preço frente a julho, fazendo com que a “Média Brasil” chegasse a R$ 2,5369/litro. Isso representa uma queda real de 12,6% em relação a agosto/24. O ICAP-L (Índice de Captação do Leite) subiu 3,3% de julho para agosto na “Média Brasil”. No acumulado do ano, o ICAP-L cresceu 6,1%. Com o mercado abastecido, a perspectiva é de que o preço do leite de setembro registre nova queda, entre 2% e 3%.

O aumento na produção tem se mantido de forma consistente no último ano, resultado das margens mais interessantes desde 2024. Segundo o CEPEA, o cenário de custos está em queda há três meses – com redução de 0,89% no Custo Operacional Efetivo (COE) em setembro – influenciado sobretudo pela diminuição nos gastos com a ração. Essa queda nos custos com a ração, especificamente, foi pontual e se explicou pelo escoamento de estoques nas casas agropecuárias, já que os preços dos grãos seguiram em alta. Esse contexto levanta uma preocupação para os produtores sobre a continuidade de um cenário de custos controlados. Quando analisada a relação de troca leite por milho, observa-se perda no poder de compra do pecuarista frente ao grão entre julho e agosto (ainda que o resultado esteja melhor do que na média dos últimos 12 meses).

Além do aumento da produção, a disponibilidade interna também se elevou em setembro, devido à elevação de 20% no volume de lácteos importados. Foram adquiridos 198,11 milhões de litros em equivalente leite, dos quais quase 80% foram de leites em pó. Mesmo com o aumento de quase 11% nas exportações de lácteos em setembro, o mercado interno permanece bem abastecido. De janeiro a setembro de 2025, o volume de lácteos importados, em litros de equivalente leite, recuou 4,8% em relação ao mesmo período de 2024. Ainda assim, o total importado alcançou cerca de 1,65 bilhão de litros em equivalente leite, um volume considerado alto pelos agentes do setor, o que mantém a pressão sobre os preços no mercado doméstico. As exportações, por outro lado, recuaram 36,7% no acumulado do ano, somando pouco mais de 52,9 milhões de litros em equivalente leite.

A disponibilidade (produção e importação) continua, portanto, avançando de forma consistente, mas o consumo não cresce na mesma intensidade. Com isso, a demanda não consegue absorver a oferta, mantendo o movimento de desvalorização ao longo da cadeia. Em setembro, o leite UHT, queijo muçarela e o leite em pó registraram desvalorizações de 2,87%, 2,08% 1,66%, respectivamente, no atacado paulista.

 

 

Fonte: CEPEA – Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada

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