Mesmo na entressafra, a tendência é de estabilidade no mercado do leite
28 de abril, 2020
Mesmo com a entressafra nas principais bacias leiteiras do país, a tendência é de estabilidade no mercado do leite. Segundo Juliana Pila - analista de mercado da Scot Consultoria - o que impede que mercado suba nesta época é a maior oferta de leite spot.
Devido à quarentena, mesmo com as medidas de flexibilização no funcionamento do comércio e das cadeias de serviços de alimentação, os produtos de maior valor agregado - como queijos, requeijões e iogurtes - tiveram seu consumo afetado.
"Na primeira quinzena de abril houve mais oferta de leite spot dos laticínios e cooperativas menores, que trabalham mais com este tipo de produto, e esse leite foi canalizado para laticínios maiores para produção majoritária de leite UHT e em pó", afirma a analista.
No momento, os preços pagos ao produtor estão pressionados e a analista argumenta que, caso esse cenário persista, no médio prazo pode haver pressão de baixa.
"Considerando a média nacional, 18 estados que a gente acompanha, em março referente ao leite entregue em fevereiro, o preço pago ao produtor foi de R$ 1,28 o litro sem o frete, alta de 0,9% em relação ao pagamento anterior. Estamos observando alta, mas mais comedida em relação a outras quinzenas".
Entretanto, a analista afirma que a captação tem ocorrido normalmente. O que vem influenciando o volume é o período de entressafra. Ela afirma que é normal ter menos leite no campo, pois o clima em várias regiões do país - principalmente no Sul que teve uma seca muito severa - acabou prejudicando a produção de leite. Ela aponta também a alta nos custos de produção, principalmente milho e farelo de soja, como fatores que contribuem para a menor oferta.
"Em geral, a produção caiu mais intensamente no Rio Grande do Sul, Paraná, Santa Catarina e começou a diminuir com menor ritmo em São Paulo, Minas Gerais e Goiás, porque teve um período de chuva um pouco tardia que acabou dando um pouco mais de fôlego nas pastagens".
Sobre a demanda, ela argumenta que para este ano a expectativa era positiva, devido à melhora na economia, mas com a retração econômica por causa da pandemia do coronavírus, os produtos com maior valor agregado foram os que mais sofreram.
"O leite faz parte da alimentação da população. Sobre o UHT, não acreditamos que vai ter redução no consumo. A demanda pelo UHT está estabilizada, na primeira e segunda semana de março, quando começou a quarentena, houve corrida aos supermercados e teve alta de preços intensa".
Passada a euforia, com as pessoas indo mais compassadamente no mercado, a analista conta que o leite UHT na segunda quinzena de abril estava com preço médio de R$ 2,64/litro no atacado, queda de 4,6% em relação à quinzena anterior. "Isso mostra que a população está abastecida, comprando paulatinamente, não mais fazendo grandes estoques".
Com relação aos custos de produção, os valores vêm subindo nos últimos seis meses, o que aperta a margem de lucro do produtor. Segundo Juliana Pila, ainda que os preços pagos ao produtor tenham aumentado, os custos de produção, principalmente gastos com milho e farelo de soja, subiram em proporção maior.
Fonte: Notícias Agrícolas