Movimento de alta no preço observado no 1º trimestre deve persistir em abril
21 de maio, 2023
Segundo o CEPEA (Centro de Estudos Avançadas em Economia Aplicada, da Esalq/USP), o preço do leite cru captado por laticínios em março chegou a R$ 2,8120/litro na “Média Brasil” líquida, elevações de 2,4% frente ao mês anterior e de 10,8% em relação à de março/22 (em termos reais). Com isso, o valor do leite cru acumula avanço real de 9,2% no primeiro trimestre de 2023 (valores foram deflacionados pelo IPCA). E, para o leite captado abril, as pesquisas do CEPEA indicam que o movimento altista deve permanecer.
A oferta no campo seguiu enxuta em abril, prejudicada pelo avanço da entressafra. Por isso, a disputa entre laticínios por produtores esteve intens, contexto que manteve as cotações do leite em alta.
A valorização do leite cru já pôde ser observada no mercado do leite spot. Em Minas Gerais, a média mensal subiu 11,2%, chegando a R$ 3,34/litro. Vale destacar que esse aumento esteve relacionado à recuperação das cotações na primeira quinzena de abril, já que – depois da segunda quinzena de abril – o leite no spot passou a se desvalorizar. Em Minas Gerais, inclusive, a média mensal do spot em maio recuou 16,6% e chegou a 2,78/litro.
Com o encarecimento da matéria-prima, os laticínios realizaram, de forma generalizada, o repasse da valorização do leite cru ao preço dos lácteos negociados com os canais de distribuição. A pesquisa do CEPEA mostra que as cotações médias do UHT, da muçarela e do leite em pó fracionado subiram no atacado paulista, respectivamente, 9,5%, 4,9% e 1,6%. Contudo, o consumo seguiu enfraquecido, e as cotações de maio mostram tendência de queda.
Apesar da previsão de alta nos preços ao produtor de abril, o movimento de valorização pode se encerrar já em maio. Isso porque, além da retração do consumo doméstico, as importações de lácteos seguem elevadas. Em abril, as compras externas caíram significativos 30,3% frente às do mês anterior, mas o volume ainda esteve três vezes maior que o registrado em abril do ano passado.
Agentes do setor também esperam que a produção a campo seja incentivada pela queda nos custos de produção e pela melhora da relação de troca. Para o CEPEA, o Custo Operacional Efetivo (COE) da pecuária leiteira caiu 1,3% na “Média Brasil”, influenciado pela retração nos preços do concentrado. Com isso, o poder de compra do produtor frente ao milho teve uma melhora de 4% de março para abril.
Fonte: CEPEA - Centro de Estudos Avançadas em Economia Aplicada