O Leite A2 e a alergia à proteína do leite de vaca
26 de dezembro, 2020
O leite é um alimento completo, rico em nutrientes essenciais para crianças, adolescentes, adultos e idosos. Pesquisas recentes mostram os prejuízos causados por sua retirada indevida das dietas, como: redução do crescimento, osteoporose e deficiências nutricionais.
Os lácteos são as melhores fontes naturais de cálcio, pois apresentam a mais alta biodisponibilidade deste mineral. Mas, seu consumo vem diminuindo ao longo dos anos. Intolerância a lactose, alergia a proteína do leite de vaca (APLV), moda fitness, aversão aos produtos de origem animal, entre outros problemas supostamente associados ao leite, fizeram com que a população reduzisse o seu consumo.
Neste contexto, chega ao mercado brasileiro o chamado leite "A2”, que contem somente β-caseína A2. Este produto já é realidade no mundo há mais de 15 anos e o seu consumo vem crescendo e despertando o interesse dos consumidores, ao redor do globo. Várias pesquisas relatam os benefícios deste leite – bem como de seus derivados (iogurtes, queijos, etc) – para o consumo humano.
Vamos entender melhor isso
O leite bovino é composto de proteínas, gorduras, carboidratos e água. Aproximadamente um terço da fração proteica são β-caseínas, presentes em várias formas e que são determinadas pelo DNA (genoma) do animal. As β-caseínas são compostas por 224 aminoácidos, sendo as formas mais comuns no leite de bovinos as β-caseínas A1 e A2, as quais se diferenciam no genoma pela mudança de apenas um aminoácido na posição 67 da cadeia.
Há aproximadamente dez mil anos, por uma razão desconhecida, houve uma mudança no DNA de algumas raças bovinas leiteiras – principalmente as europeias – e a β-caseína, a qual só existia do tipo A2, passou a ter outra variante que foi chamada de β-caseína do tipo A1. Somente os bovinos sofreram esta alteração, que foi natural porem modificou a proteína. Nas demais espécies que produzem leite como as cabras, as búfalas e a própria mulher o genoma se manteve original e a β-caseína também, sem variações.
Esta pequena mudança no leite é suficiente para alterar a digestão do mesmo. Quando as enzimas digestivas interagem com a molécula de β-caseína A1, ela é quebrada, liberando um peptídeo chamado BCM-7 (betacasomorfina 7). Na variante A2, a presença do aminoácido prolina (em vez de histidina) evita a quebra (hidrólise) da molécula e assim inibe a produção de BCM-7.
O BCM7 – produto da digestão da β-caseína A1 no trato gastrintestinal humano – vem sendo considerado um potencial fator de risco para a síndrome da intolerância ao leite de vaca; ou seja, pode prejudicar ou dificultar o processo de digestão do leite e seus derivados em algumas pessoas. Este efeito, causado pelo consumo de β-caseína A1, é o principal motivo para a recomendação do consumo do leite contendo somente a β-caseína A2.
O que é a APLV
A alergia à proteína do leite de vaca (APLV) é o tipo de alergia alimentar mais comum nas crianças até 3 anos de idade e é caracterizada pela reação do sistema imunológico (de defesa) às proteínas do leite, principalmente à caseína e as proteínas do soro (a-lactoalbumina e b-lactoglobulina). É muito raro o seu diagnóstico em indivíduos acima desta idade.
Para a confirmação diagnóstica, é necessário verificar a ocorrência das seguintes condições: história clínica sugestiva da APLV; e desaparecimento dos sintomas em 1 a 30 dias após retirada da proteína do leite de vaca da dieta e reaparecimento dos sintomas após reintrodução do leite (teste de provocação oral). O diagnóstico da APLV deve ser feito por médico especialista. Em algumas situações, é possível identificar o tipo de proteína que causa a alergia, podendo ainda haver indivíduos com reação a mais de uma proteína e não somente a uma especificamente.
O leite A2
Conforme comentado anteriormente, no caso do leite contendo apenas a β-caseína A2, o que muda é somente a fração A2. Este leite, podruzido por vacas com o genótipo A2A2, não é medicinal e nem funcional. É apenas um produto de mais fácil digestão, uma opção viável aos indivíduos que sentem desconforto à ingestão do leite, trazendo segurança e qualidade aos mais variados tipos de consumidores.
Já temos fazendas no Brasil selecionando os animais e buscando formas segura com rastreabilidade e garantia de origem para poder comercializar este leite.
Fonte: Beba Mais Leite
Disponível em: www.bebamaisleite.com.br/noticia/leite-a2-e-aplv