Observatório do Consumidor analisa o interesse dos consumidores por leite condensado e similares

Observatório do Consumidor analisa o interesse dos consumidores por leite condensado e similares

28 de julho, 2022

O país do leite condensado

O leite condensado é um produto típico da confeitaria brasileira e consumido em todo o País. De norte a sul do Brasil, o IBGE estima que são consumidos 737 gramas do produto/habitante/ano, o que dá ao Brasil o título de maior consumidor do produto no mundo.

O produto teve incremento de consumo no início da pandemia do novo coronavírus, ganhando destaque como alimento indulgente; ou seja, aquele que os consumidores procuram quando querem satisfazer sua vontade ou se presentear. Passado o estresse inicial da pandemia, o interesse pelo produto foi se reduzindo, tanto no Twitter (Figura 1) quanto no comércio.

No início de 2021, observa-se novos picos de postagens sobre o leite condensado, coincidindo com o momento de maior tensão desde o surgimento da doença, com o aumento do número de casos graves e mortes, seguido de nova tendência de queda.

Em 2022, o movimento da curva de tweets sobre o produto é similar ao de 2021. Porém, com um número bem menor de postagens e com um certo período de defasagem. A semelhança dos picos de postagens sugere relação com o período de quaresma; ou seja, período que sucede o carnaval e antecede a Páscoa, época em que a população se concentra em produzir e comprar guloseimas para presentear amigos e familiares no Domingo de Páscoa.

Outra informação interessante da Figura 1 é a queda no nível de postagem entre os três anos analisados. 2022 parece ser o ano com o menor interesse pelo produto desde que o Observatório do Consumidor (OC) iniciou a coleta de dados. Será que essa queda de interesse está relacionada com o aumento dos preços e/ou falta do produto no mercado?

Vamos avaliar alguns desses fatos.

Os sentimentos dos consumidores com relação ao leite condensado

A Figura 2 mostra que a maioria das postagens sobre leite condensado tem conteúdo positivo, variando de 45% a 60% das menções ao produto. No entanto, esse percentual é baixo quando comparado ao percentual de postagens relacionadas ao total de lácteos, que, geralmente, têm cerca de 70% de conteúdo positivo no Twitter.

Por ser considerado um alimento indulgente, esperava-se que o percentual de tweets positivos atribuídos ao leite condensado fosse maior. Vale ressaltar que o leite condensado apresenta também um percentual elevado de publicações caracterizadas como neutras. O sentimento neutro é atribuído a postagens em que o algoritmo não consegue distinguir se o conteúdo é positivo ou neutro.

Outra informação interessante da análise de sentimentos do leite condensado é que o nível de satisfação do consumidor com o produto não se alterou significativamente ao longo do tempo, apesar do lançamento de novos produtos lácteos substitutos no mercado. Esses produtos têm sido lançados pela indústria de laticínios como alternativa para a escassez da matéria prima leite e aumento dos preços.

Diferenças regionais de interesse pelo leite condensado

Assim como ocorre com o consumo de alimentos, o interesse dos consumidores pelo leite condensado apresenta diferenças regionais significativas. A região Sudeste lidera a quantidade de tweets desde o início da coleta de dados pelo OC em 2020. O estado de São Paulo se destaca e responde sozinho por 23% de tudo que é postado no Twitter sobre o produto.

Em seguida, têm-se os estados do Rio de Janeiro e Minas Gerais. Assim, na região Sudeste, apenas o Espírito Santo não apresenta grande nível de interesse pelo produto. É interessante notar que, considerarando-se apenas o mês de julho de 2022, o Rio de Janeiro seria o primeiro no ranking de postagens sobre leite condensado.

A segunda região que mais comenta sobre leite condensado no Brasil é o Sul, com destaque para o Rio Grande do Sul. Nas demais regiões, os destaques são Goiás, Bahia, Pernambuco e Rio Grande do Norte.

Ao contrário do que ocorre com outros derivados, para o total de tweets sobre leite condensado não existe, aparentemente, uma variável socioeconômica explicativa.

A opinião dos consumidores no Twitter

Após identificar que o interesse dos consumidores pelo leite condensado está menor neste ano em relação aos dois anos anteriores; que o produto tem uma porcentagem menor de tweets positivos do que outros lácteos e que as regiões que mais comentam sobre o produto são a Sudeste e a Sul, é importante analisar o conteúdo dessas postagens. Para isso, o OC usa a nuvem de palavras.

Conforme exposto anteriormente, já há algum tempo, a indústria de laticínios vem trabalhando no lançamento de produtos de melhor custo benefício para o consumidor. Considerando que o Brasil ainda é um país em desenvolvimento, com grande parte da população com baixa renda, é papel do setor atender a este público.

No entanto, no caso do leite condensado, o lançamento de um produto similar com preço reduzido tem gerado muitos comentários nas redes sociais. A "mistura láctea" ou "composto lácteo" que surgiu como alternativa mais acessível que o leite condensado chamou a atenção de muitos consumidores. A Figura 4 apresenta a nuvem de palavras referente aos tweets sobre mistura láctea.

Fica evidente que grande parte das postagens sobre mistura láctea refere-se ao preço, com destaque para as palavras: caro, alto, reais, barato, preço, inflação, promoção. Num período de inflação elevada como o atual, é normal que o mercado fale sobre os preços dos alimentos. No entanto, surpreende o grau de importância que os consumidores estão dando à questão dos preços.

Outro ponto interessante nesta nuvem de palavras é que não aparecem tantos alimentos quanto em outras nuvens de palavras já analisadas pelo OC. Neste caso, aparecem muitas referências a embalagens e medidas, como: lata, pote, kg, caixa, litro, pacote, embalagem, colher, panela, copo. Isso, provavelmente é reflexo da forma de consumo do produto. Mais do que um acompanhamento ou alimento principal de uma refeição, a mistura láctea parece estar sendo consumida como ingrediente de receitas.

 
Fonte:  Centro de Inteligência do Leite (CILeite/Embrapa)
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