Pré-dipping: Cuidados ao realizar o procedimento para garantir sua eficácia
06 de agosto, 2019
Pré-dipping é a antissepsia dos tetos antes da ordenha, com o objetivo de reduzir a ao máximo o número de bactérias presentes na pele. Essa prática é uma importante medida de controle da mastite ambiental, pois elimina muitas bactérias oriundas do ambiente que ficam aderidas à superfície dos tetos, evitando que penetrem nos quartos mamários durante a ordenha, provocando mastite contagiosa. Em adição, o pré-dipping estimula a descida do leite e, consequentemente, a velocidade de extração.
Em relação à qualidade do leite, o pré-dipping pode reduzir em até 80% a contagem bacteriana total (CBT) do produto, além de diminuir as bactérias psicrotróficas, que são capazes de se multiplicar mesmo em baixas temperaturas.
As principais soluções utilizadas na antissepsia são o iodo, hipoclorito de sódio e clorexidin. A atividade germicida depende da concentração, da estabilidade química e do tempo de contato dos produtos com os tetos. Para manter ou minimizar a perda da eficácia dos antissépticos, são necessários alguns cuidados:
- Correto armazenamento: os antissépticos devem ser armazenados em local limpo, fresco, seco e ao abrigo do sol. A incidência de luz direta sobre produtos iodados diminui seu poder desinfetante. A falta de tampa e/ou vedação nos recipientes de produtos clorados permite a evaporação do cloro, o que diminui sua concentração e ação bactericida;
- Prazo de validade: não utilizar produtos fora da validade;
- Condições do ambiente: tetos sujos devido à presença de substâncias orgânicas (esterco, lama, barro, cama) no ambiente de permanência das vacas nos períodos entre ordenhas prejudicam a eficácia do pré-dipping.
Presença de matéria orgânica no teto dificulta a ação dos desinfetantes
- Qualidade da água utilizada na diluição dos produtos: avaliar quanto à alcalinidade, dureza e teor de matéria orgânica. A alcalinidade elevada reduz a concentração de iodo disponível; a água dura pode tornar a clorexidina inativa; a presença de matéria orgânica na água reduz a efetividade do iodo, clorexidina e cloro;
- Preparo das soluções: a diluição dos antissépticos deve ser feita para cada ordenha ou no máximo por dia. O produto que sobra ao final de uma ordenha não deve ser retornado ao frasco original;
- Correta aplicação do produto: todo o teto deve ser submerso. A cobertura parcial do teto não proporciona o efeito máximo do desinfetante. Caso seja feito com spray, mais atenção é requerida, para que se consiga cobrir toda a superfície do teto com o produto;
- Frascos sem retorno: recipientes sem retorno evitam a contaminação da solução que ainda não foi utilizada;
- Higienização dos frascos: os frascos devem ser esvaziados e limpos sempre após cada ordenha ou, caso se contaminem, durante o processo de ordenha. Alguns microrganismos, como Pseudomonas e Serratia podem se multiplicar mesmo em soluções antissépticas e, eventualmente, causarem mastite;
- Prevenção de lesões nos tetos: a presença de lesões nos tetos pode impedir a ação do antisséptico, pois a área lesionada protege as bactérias contra a ação produto.
Autora: Patrícia Vieira Maia - médica veterinária, mestre em ciência animal da Rehagro
Fonte: http://ruralcentro.uol.com.br/analises/pre-dipping-cuidados-ao-realizar-o-procedimento-para-garantir-sua-eficacia-3719