Preço recebido por produtor de leite tem queda pelo 2º mês consecutivo, diz Cepea
30 de agosto, 2019
Os preços do leite recebido por produtores registraram queda pelo segundo mês consecutivo em agosto, referente à captação de julho. A “Média Brasil” líquida (que considera os preços do leite recebido por produtores sem frete e impostos dos Estados de BA, GO, MG, SP, PR, SC e RS) ficou em R$ 1,3466 o litro, recuo de 4,25% em comparação com o mês anterior (ou de quase 6 centavos em cada litro), em termos reais (deflação pelo IPCA de julho/19). O levantamento é do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq/US).
Segundo a pesquisa, as cotações do leite iniciaram o movimento de baixa em julho e a queda acumulada já é de 12%, em termos reais. Conforme o Cepea, esse cenário tem sido atrelado à pressão das indústrias, que tiveram suas margens espremidas no primeiro semestre, por causa dos altos preços da matéria-prima e das fracas negociações dos lácteos.
“Enquanto o preço do leite no campo acumulou consecutivas altas até junho, influenciados pela oferta limitada e pela grande concorrência entre laticínios, o repasse dessa valorização aos derivados foi dificultado, em virtude da estagnação econômica e do consequente consumo enfraquecido”, diz o comunicado do Cepea.
O comportamento do mercado lácteo, até o momento, está bastante semelhante ao de 2017, com preços elevados no primeiro semestre, em decorrência da oferta reduzida de matéria-prima, e queda brusca na segunda metade do ano, após a recuperação do volume de leite (safra do Sul).
“Contudo, a diferença entre esses anos parece estar centrada no fôlego da recuperação da produção”, pondera o Cepea.
A saída de produtores da atividade nos últimos anos e a grande insegurança em realizar investimentos de longo prazo frente às incertezas no curto prazo devem prejudicar a captação em 2019. Além disso, a safra do Sul foi menor neste ano porque as forrageiras de inverno foram prejudicadas pelo clima desfavorável.
Conforme apurou o Cepea, a oferta de leite continuou limitada em agosto. Para assegurar a matéria-prima, diminuir a ociosidade não planejada (que se traduz em custos) e manter sua participação de mercado, as indústrias continuam atuando com concorrência acirrada, o que impulsionou as cotações no mercado spot na primeira e segunda quinzenas de agosto.
Em Minas Gerais, onde se concentra o maior volume negociado no mercado spot, a média de agosto (R$ 1,55/litro) ficou 16% maior que a de julho, em termos reais. Esse cenário pode atenuar o movimento de queda em setembro ou proporcionar condições de estabilidade.
Fonte: Dinheiro Rural