Preços do leite mantêm trajetória de queda, espremendo margens

Preços do leite mantêm trajetória de queda, espremendo margens

22 de dezembro, 2025

Segundo o CEPEA, em outubro, o preço do leite ao produtor fechou a R$ 2,2996/litro na Média Brasil, recuos de 5,9% frente a setembro e de 21,7% em um ano (em termos reais, com deflacionamento pelo IPCA). Esta é a sétima baixa mensal consecutiva nas cotações do leite no campo e, apesar da consistente desvalorização real de 14,1% no acumulado de 2025, o excesso de oferta ainda sustenta a expectativa de que o movimento de queda deve persistir até o final do ano.

Em 2025, a oferta de lácteos se elevou consideravelmente. De setembro para outubro, o ICAP-L (Índice de Captação de Leite) subiu 1,65% na Média Brasil, puxado pelo crescimento médio de 3,7% no Sudeste e Centro-Oeste. No acumulado do ano, a elevação é de 13,6%. O CEPEA projeta que o ano se encerre com aumento médio de 7% na captação industrial, atingindo recorde de 27,14 bilhões de litros. A produção de leite cru foi favorecida pelos investimentos realizados em 2024 e pelo clima mais favorável ao longo de 2025 (estimulando a produção no Sudeste e Centro-Oeste e limitando a queda sazonal no Sul).

A disponibilidade de lácteos também vem sendo reforçada pelas importações que, mesmo tendo registrado queda de 14,8% em novembro, seguem elevadas. Na parcial do ano, foram internalizados quase 2,05 bilhões de litros em equivalente leite (Eql), apenas 4,8% a menos que no mesmo período do ano passado (vale lembrar que 2024 bateu recorde de importações). Além disso, as exportações recuaram 33% na comparação anual, somando 62,4 milhões de litros Eql na parcial de 2025.

Agentes de mercado relatam aumento considerável de estoques de lácteos, tanto na indústria quanto nos canais de distribuição. Com o mercado abastecido, as negociações de derivados têm sido pressionadas, comprimindo as margens dos laticínios. O levantamento realizado pelo CEPEA mostra que, em novembro, o queijo muçarela, o leite UHT e o leite em pó negociados no atacado paulista registraram desvalorizações de 11,14%, 3,69%, 2,9%, respectivamente (valores deflacionados pelo IPCA de novembro/25).

Com o repasse das quedas dos lácteos ao preço do leite cru, a receita do produtor também segue se estreitando. Ao mesmo tempo, os custos de produção mantêm trajetória de alta. Apesar de o preço da ração ter caído 0,63% em novembro, o custo operacional efetivo (COE) se elevou em 0,22%, devido à valorização de outros insumos da atividade. O aumento do preço do milho também deteriorou o poder de compra do produtor: em outubro, foram necessários 28,4 litros de leite para adquirir um saco de 60 kg do grão, altas de 7,1% frente a setembro e de 2,3% em relação à média dos últimos 12 meses (27,8 litros).

Os resultados reforçam o cenário de perda de rentabilidade no campo e de cautela crescente nos investimentos – o que deve, por sua vez, provocar desaceleração gradual da produção.

 

Fonte: CEPEA – Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada

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