Produção mundial e brasileira cresce pouco

Produção mundial e brasileira cresce pouco

03 de fevereiro, 2024

A produção mundial de leite pouco aumentou nos últimos três anos: 1,8% em 2021; 1,1% em 2022; e 1,3% estimado para 2023. Este último, puxado pela Ásia, já que nas regiões exportadores não houve crescimento.

Em 2022, houve um aumento generalizado dos custos de produção ao redor do mundo, com alta de 20% para o alimento concentrado, 51% para fertilizantes e 107% para energia. A pandemia da Covid e o surgimento de conflitos regionais trouxeram um ambiente de extrema incerteza e inflação. A demanda mundial por lácteos cresceu apenas 0,8%, sendo equivalente ao crescimento populacional.

Em 2023, a demanda mundial continuou fraca, com redução das importações chinesas e queda no preço dos derivados lácteos. Apenas no final do ano houve pequena recuperação nos preços, mas ainda abaixo de US$ 0,40/kg de leite, como referência do preço médio mundial do leite pago ao produtor, segundo o IFCN. Em regiões tradicionalmente importantes para a produção e exportação de leite como União Europeia, Europa Oriental, América do Sul e Oceania, observou-se estagnação ou redução da produção nos últimos anos.

A oferta de leite evoluiu positivamente em regiões emergentes e com produção mais informal, como a África e a Ásia. No mundo, em 2022, produziu-se 758 milhões de toneladas de leite de vaca. A Ásia responde por um terço da produção mundial, com 260 milhões de toneladas. Neste continente, a produção de leite tem crescido 4,3% ao ano, na média, desde 2010. O maior aumento do consumo no continente asiático, o menor custo de mão-de-obra e resiliência de alguns sistemas de produção tradicionais podem explicar este aumento expressivo na produção de leite (Figura 1).

A Índia contabiliza 69 milhões de pequenos produtores, onde predomina a atividade leiteira informal e produtividade abaixo dos 2 mil kg/vaca/ano. A metade do leite produzido na Índia vem de rebanho bubalino.

A China, que contribui com 15% da produção da Ásia, é um país com uma estrutura de produção distinta dos demais na região. Pouco mais de 500 mil propriedades, com predominância de megafazendas, com animais de mais de 7 mil kg/vaca/ano em média. O preço ao produtor foi de US$ 0,62/kg em 2022, um dos mais altos do mundo.

A produção brasileira de leite tem oscilado no patamar das 34 milhões de toneladas/ano desde 2013, compondo um quadro desafiador de estagnação da produção. A menor competitividade frente ao produto importado é outro obstáculo.

No ano de 2023,as importações – principalmente da Argentina e do Uruguai – alcançaram cerca de 9% da produção inspecionada de lácteos no país. O resultado um déficit comercial recorde, de US$ 1 bilhão.

Ao longo do ano de 2023, houve pequena redução no custo de produção de leite no país, com desaceleração na cotação concentrado, fertilizantes e combustíveis. O custo do alimento concentrado mistura 70+30 ficou abaixo dos R$ 1,50/kg, na média do último semestre de 2023, de volta ao patamar da média de 2020. No entanto, o preço pago ao produtor também caiu, impactando os termos de troca e a rentabilidade dos precuaristas, principalmente os menores. Estes recebem menos por produzirem em menor escala e apresentarem custos mais elevados, se comparados com grandes produtores. Foi um ano difícil para todo o setor em termos de rentabilidade.

Neste início de 2024, no entanto, os preços internacionais seguem em elevação e as cotações domésticas também sinalizam alta, tanto no mercado Spot como no atacado na cidade de São Paulo. A expectativa é que haja alguma recuperação nos preços ao produtor nos próximos meses. Todavia, é prudente observar a evolução dos custos frente a incertezas climáticas inerente à safra de grãos e da produção de silagem.

 

 

Fonte: Centro de Inteligência do Leite (CILeite/Embrapa)

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