Quão rápido se pode ordenhar uma vaca?
16 de agosto, 2025
Produtores de leite que buscam maximizar a eficiência da ordenha terão em breve uma nova ferramenta genética para acrescentar ao seu arsenal. Na rodada de provas de agosto de 2025, o CDCB1 está pronto para lançar uma aguardada avaliação genética de velocidade de ordenha, trazendo um grande marco no desenvolvimento de características de desempenho.
A velocidade de ordenha, definida como libras de leite por minuto, tornou-se um tema de crescente interesse nos EUA, especialmente em sistemas de alto rendimento e em sistemas robotizados no Oeste e Sudoeste do país. Mas, até agora, faltava uma avaliação genética confiável e padronizada, adaptada à população leiteira norte-americana.
“A velocidade de ordenha é um tema empolgante sobre o qual ouvimos cada vez mais”, diz Asha Miles, diretora do Dairy Records Management Systems e presidente da Força-Tarefa de Avaliação de Velocidade de Ordenha do CDCB. “Continuamos ouvindo medidas de eficiência da fazenda e da ordenha em termos de leite por posto ou segundos por vaca. Essa avaliação oferece uma ferramenta poderosa para lidar com isso.”
O que é o MSPD?
A nova PTA2 de Velocidade de Ordenha (MSPD) representa a média de libras de leite por minuto que se espera que a progênie de um animal produza em um sistema convencional de ordenha, sob condições médias de manejo. Ela é calculada a partir de dados de sensores coletados por medidores instalados em salas de ordenha tradicionais nos EUA, tornando-se a primeira avaliação objetiva e baseada em dados do país para velocidade de ordenha.
“Definimos velocidade de ordenha como o total de libras de leite em uma ordenha individual, dividido pela duração total da ordenha em minutos”, explica Miles. “Essa combinação nos dá uma medida mais significativa do que apenas a duração da ordenha, que não considera quanto leite a vaca realmente produz.”
Ao usar essa relação (libras por minuto em vez de apenas duração), o CDCB fornece uma medida mais precisa de eficiência. Por exemplo, uma vaca que leva 8 minutos para ser ordenhada pode não ser lenta se produzir significativamente mais leite do que a média. Assim, a duração da ordenha, sem considerar o rendimento, não é um critério eficaz de seleção por si só.
Do subjetivo ao guiado por sensores
Países como Canadá e Suíça já possuem avaliações de velocidade de ordenha há anos, esses sistemas se baseiam em escores subjetivos, geralmente atribuídos por classificadores treinados durante as avaliações de tipo. Mas a Força-Tarefa do CDCB determinou logo no início que essa abordagem não era viável nem desejável nos EUA.
“Os Estados Unidos têm rebanhos muito maiores, em média, do que a maioria dos países europeus”, diz Miles. “Portanto, um sistema que exigisse que um classificador avaliasse individualmente as vacas quanto à velocidade de ordenha seria trabalhoso demais. Além disso, introduz um viés humano: diferentes classificadores podem avaliar a mesma vaca de forma diferente, o que afeta a confiabilidade.”
Em vez disso, a equipe optou por uma abordagem baseada em sensores e rica em dados, capaz de capturar métricas consistentes e escaláveis entre fazendas e eliminar a subjetividade humana.
*Notas
1) O CDCB – Council on Dairy Cattle Breeding (Conselho de Melhoramento Genético de Gado de Leite) – é a entidade central que gerencia os registros e as avaliações genéticas do gado de leite nos Estados Unidos, sendo referência mundial nesse campo. Suas funções são:
- Coletar, organizar e analisar dados de rebanhos leiteiros do país;
- Conduzir avaliações genéticas nacionais (chamadas proof runs) para características de produção (leite, gordura, proteína), saúde, fertilidade, longevidade, conformação e, mais recentemente, velocidade de ordenha;
- Desenvolver e publicar os PTAs (Predicted Transmitting Abilities), que indicam o mérito genético de um animal para transmitir determinada característica à sua progênie;
- Trabalhar em conjunto com universidades, associações de criadores e empresas de inseminação artificial para orientar o progresso genético do rebanho leiteiro dos EUA.
2) PTA significa Predicted Transmitting Ability (em português: Capacidade Prevista de Transmissão). Na pecuária de leite, este índice genético é usado para se estimar o quanto um animal deve transmitir de uma característica específica para sua progênie. A PTA não mostra o desempenho do animal em si, mas sim a média esperada nos filhos em relação à população.
Exemplo: Um touro com PTA de +1.000 libras de leite deve transmitir, em média, +500 libras de leite por filha (pois metade vem da mãe e metade do pai).
Ou seja, a PTA é uma previsão do valor genético que um animal pode transmitir à próxima geração, sendo uma das principais ferramentas usadas em programas de melhoramento genético.
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Fonte: Dairy Herd Management
Traduzido e adatado pelo Canal do Leite
Disponível em: www.dairyherd.com/news/business/milking-speed-new-genetic-trait-debuts-august-proofs