Esparta Windstar OG: exemplo de longevidade na raça Girolando, produzindo até os 16 anos.
05 de setembro, 2021
A vaca Esparta Windstar OG representa bem a logevidade da raça Girolando. Ela está entre as vitalícias da raça, tendo produzido o maior volume leite em todas as sua lactações: 153.793,52 kg. Segundo o zootecnista Gustavo Gonçalves, do criatório Girolando OG, essa característica sempre foi muito observada nos animais do Girolando OG e é um objetivo de seleção. “Ela produziu por 16 anos e meio, teve 12 partos e mais de 150 mil quilos de leite produzidos. Enfrentou pouquíssimos problemas de saúde, nunca teve um problema de casco, teve a fertilidade como um dos pontos fortes, muita saúde em sua glândula mamária e com histórico de CCS muito bom. Vemos isso também em suas filhas, como a Fanta, uma vaca Puro Sintético, que em quase 10 anos encerrou oito lactações e quase 60 mil kg de leite produzidos”, informa Gustavo Gonçalves. Esparta Windstar OG iria completar 18 anos em novembro, mas faleceu em março.
Para o zootecnista, o novo Índice de Longevidade do Girolando (ILG) contribuirá para acelerar ainda mais o processo de evolução da raça e de seleção com foco nessa característica. “Sem dúvida, vai ajudar bastante nessa proposta que o Girolando tem, que é de ser uma raça extremamente longeva, com baixo nível de descarte, os animais permanecem muito tempo no rebanho e muito tempo produzindo, entregando receita e não simplesmente existindo ali com baixos índices de fertilidade e problemas de saúde. Esperamos que muito em breve isso chegue para a realidade das fêmeas também, como agora foi publicado para os machos. Com avaliação genômica, será possível saber qual o nível de superioridade genética de uma bezerra para longevidade.”, assegura.
Terceira geração à frente do Girolando OG e com a experiência de ter atuado quatro anos no Serviço de Controle Leiteiro e coordenado o PMGG por dois anos, Gustavo Gonçalves ressalta que a longevidade é um dos pontos fortes da raça e está no DNA do Girolando. “Agora, com o novo índice, teremos condições de sair do nível das impressões, das evidências observadas e confirmações coletadas em nível de campo e passar para um nível mais científico. Uma informação muito mais precisa, onde os efeitos ambientais são separados para que possamos saber realmente o quanto das diferenças entre os animais em relação à essa característica são explicadas pela genética”, conclui.
Para avançar nas avaliações genéticas e genômicas, o PMGG (Programa de Melhoramento Genético da Raça Girolando) reforçou a equipe de pesquisadores. O Fundo de Investimentos do PMGG viabilizou a contratação de três pesquisadoras pós-doutoras: Darlene Daltro, que desenvolve o ILG, agora foca seus estudos na característica Persistência; Renata Negri, que está trabalhando a Resistência ao Estresse Térmico; e Sabrina Kluska, que está desenvolvendo pesquisa com a parte de avaliação multirracial.
De acordo com o diretor Técnico da Girolando, José Renato Chiari, a entidade vem trabalhando em conjunto com a Embrapa e o FIPMGG para desenvolver soluções que atendam as necessidades do criador em relação à seleção genética. “Um exemplo é a novidade deste ano, do Sumário de Vacas, que traz as tops por composição racial. Essa era uma reivindicação de muita gente e em 2021 foi possível publicar”, diz Chiari.
O pesquisador Marcos Vinícius adianta que nos próximos anos deve ser entregue a possibilidade de usar a biópsia embrionária e genotipagem visando à seleção genômica e ao diagnóstico de anomalias cromossômicas em sistema de produção in vitro de embriões. “Também em breve haverá a possibilidade de escolher o touro de acordo com a localização geográfica, levando em conta a questão climática. Essa informação virá junto com a PTA e ajudará o criador a definir os animais mais indicados para a região em que sua propriedade se encontra. Ainda será possível ter dados sobre o desempenho das filhas do touro de acordo com o tipo de manejo”, informa Marcos Vinícius.
O pesquisador destaca que, de 2000 a 2018, o Girolando aumentou a produção em 60%, e o melhor, respeitando o meio ambiente, já que houve redução da emissão de metano em 40%. Ele alerta que, para esse avanço ser constante nos próximos anos, é preciso aumentar a entrada de dados no PMGG. “Melhoramento genético não vive sem coleta de dados em qualidade e em grande quantidade. Precisamos melhorar nossa coleta de dados, pois isso é vital para o PMGG. Má informação é pior que falta de informação, pois leva ao erro. O criador precisa coletar não somente os dados tradicionais, mas outros, tais como sólidos e facilidade de parto, para que possamos ter novas características publicadas”, conclui o pesquisador da Embrapa.
Fonte: Revista Girolando / Associação Girolando