Wisconsin: a Terra do Leite nos Estados Unidos enfrenta dificuldades
22 de fevereiro, 2019
Wisconsin não foi sempre o estado símbolo da produção de leite nos Estados Unidos. Em meados do século XIX, um sexto do trigo cultivado no país vinha de Wisconsin. Os colonos brancos da Costa Leste plantavam o cereal porque não precisavam de muito investimento inicial e achavam a lavoura fácil de manejar.
Mas, os rendimentos instáveis, a crescente concorrência dos estados vizinhos e uma infestação de insetos forçaram os produtores de trigo a considerar outras alternativas. Foi então que a produção de leite emergiu, na segunda metade do século XIX, por se ajustar melhor às características de solo e clima do estado.
A ascensão meteórica de Wisconsin como um estado leiteiro foi notável. Em 1870, havia apenas 25 fazendeiros que se identificavam como produtores de leite. Em 1899, no entanto, mais de 90% de todas as fazendas de Wisconsin criavam vacas leiteiras. Em menos de 30 anos, a indústria de laticínios havia se tornado o programa de desenvolvimento econômico e social de maior sucesso na história deste estado.
Atualmente, a indústria do leite tem um impacto econômico grande, ajuda a pagar pela bela infraestrutura do estado e desempenha um papel central em um dos maiores patrimônios de Wisconsin, sua beleza natural. Campos verdes de feno e milho, galpões tradicionais, vacas de leite e deliciosos produtos lácteos são os principais motivos para o sucesso do estado como um destino turístico.
Apesar de ter perdido o título de maior produtor de leite americano para a Califórnia nos anos 90, Wisconsin continua sendo número 1 no que diz respeito a conectar o setor leiteiro com sua identidade cultural.
Por quase 80 anos, a expressão "America's Dairyland" (Terra do Leite da America) tem sido impressa nas placas dos carros do estado. E nas últimas quatro décadas, os chapéus em forma de queijo (Cheesehead) têm sido um marco nos eventos esportivos e nas lojas turísticas. O setor leiteiro é mais importante mais para a economia de Wisconsin do que os cítricos para a Flórida ou as batatas para Idaho, e mais de um quarto do queijo do país sai do estado.
No entanto, mesmo com todo o orgulho que Wisconsin tem de sua herança, algumas tendências nacionais de consumo seguiram em uma direção diferente. As vendas de leite como bebida caíram constantemente desde a década de 1970, com cada vez menos pais incentivando seus filhos a beberem leite. O “leite” de soja e o “leite” de amêndoa - que não são leite de verdade - e dezenas de bebidas esportivas inundaram o mercado de bebidas.
Em meio a anos de queda nos preços do leite, as fazendas leiteiras de Wisconsin enfrentam um futuro um tanto sombrio. E embora o consumo de queijo, iogurte e manteiga tenha aumentado, ele nem sempre seguiu o mesmo passo do aumento na produção. Hoje, por exemplo, os estoques comerciais de queijo e do governo dos EUA estão em cerca de 1 bilhão de libras - o nível mais alto em um século.
Os produtores de leite de Wisconsin têm recebido apenas cerca de 25% do preço médio de varejo do queijo, a menor parte desde 2012. Segundo Laurie Fischer (CEO da American Dairy Coalition), não há uma solução mágica no horizonte. O abalo continuará no setor lácteo até que os mercados se estabilizem e a oferta e a demanda se realinham. Até lá, produtores de leite – em todos os níveis – estarão trabalhando intensamente para manter se manterem no negócio.
Fontes: Journal Sentinel e Green Bay Press Gazette