CEPEA: Preço do leite ao produtor deve encerrar ano em queda

CEPEA: Preço do leite ao produtor deve encerrar ano em queda

20 de dezembro, 2024

O preço do leite captado em outubro fechou a R$ 2,8065/litro, com queda de 2,6% em relação ao mês anterior, em termos reais, mas com alta de 36,2% frente ao de outubro/23 (valores deflacionados pelo IPCA de outubro). Com a progressão da safra, e o consequente aumento sazonal da oferta no campo, a perspectiva é de que o ano se encerre com o movimento de desvalorização ganhando força. Para o CEPEA, a "Média Brasil" pode cair cerca de 5% em novembro. Para o leite captado em dezembro, a projeção é de novo recuo, entre 4% e 5%.

Por ora, o CEPEA estima que a média de preços de 2024 fique próxima do patamar de R$ 2,60/litro; ou seja, entre 1% e 1,5% acima da verificada em 2023 (em termos reais). Apesar de a média anual de 2024 não se distanciar da de 2023, o comportamento dos preços ao longo destes anos foi bem distinto. Em 2024, o que mais marcou foi a sustentação do movimento de valorização do leite cru até o final do terceiro trimestre. Esse prolongamento da tendência altista ocorreu devido ao crescimento lento da oferta à campo.

Mesmo diante da certa estabilidade nos custos de produção e do aumento da margem do produtor em 2024, o estímulo à atividade foi menor do que o previsto no primeiro semestre. O clima extremo foi um fator crucial que influenciou negativamente a atividade, sobretudo entre o segundo e o terceiro trimestres. Ao mesmo tempo, o consumo se manteve firme na maior parte do ano e, no final da entressafra, houve diminuição considerável dos estoques de lácteos, o que ajudou a prolongar o movimento altista. A inversão da tendência ocorreu apenas a partir de outubro, com as chuvas da primavera elevando a quantidade e a qualidade das pastagens e favorecendo o incremento da produção.

A queda nos preços do leite no campo também se refletiu em diminuição nas cotações dos lácteos. Em novembro, segundo pesquisas do CEPEA, houve forte desvalorização do UHT no atacado paulista, mas os preços da muçarela e do leite em pó registraram baixas menos intensas. Com estoques de derivados elevados, as importações de lácteos se estabilizaram em novembro, enquanto as exportações cresceram 5,8%.

Apesar da alta pontual na captação do leite cru, é possível que – no balanço de 2024 – o crescimento da oferta continue próximo de 2%. Isso porque os custos com nutrição animal seguem avançando e o poder de compra do pecuarista, caindo.

Esse é, inclusive, o maior ponto de atenção para 2025. Para o CEPEA, a escalada nos custos operacionais tende a ser gradual, sendo impactada em um primeiro momento pelos maiores gastos para produção de volumoso (diante da alta nos preços de fertilizantes) e contrabalanceada por uma possível redução nos valores do concentrado no primeiro semestre de 2025. Por outro lado, no segundo semestre, o escoamento da safra nacional pode limitar os estoques, afetando, consequentemente, a precificação de insumos para a formulação de rações. Nesse sentido, a projeção é de que a produção em 2025 possa manter o ritmo de crescimento entre 2% e 2,5%. Um crescimento acima disso exigiria uma recuperação muito forte da oferta no primeiro trimestre de 2025, mas isso vai depender majoritariamente do clima.

 

Fonte: CEPEA – Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada

  • Setor lácteo brasileiro celebra alta em 2024, mas clima e economia desafiam 2025

    Setor lácteo brasileiro celebra alta em 2024, mas clima e economia desafiam 2025

    O setor lácteo brasileiro teve um ano de 2024 positivo, com alta na produção, preços firmes e custos mais estáveis. Para 2025, espera-se crescimento moderado, mas o clima e as incertezas econômicas podem impactar o desempenho.

  • Após reviravolta, Footloose fica com o Grande Campeonato da raça Holandesa na World Dairy Expo 2024

    Após reviravolta, Footloose fica com o Grande Campeonato da raça Holandesa na World Dairy Expo 2024

    Muitas são as especulações, mas a organização da World Dairy Expo ainda não se pronunciou oficialmente sobre os fatos, de modo que não se sabe exatamente o motivo da desclassificação de Twigs.

  • Sindilat apoia investigação de dumping no leite

    Sindilat apoia investigação de dumping no leite

    O Sindicato da Indústria de Laticínios do RS (Sindilat/RS) vê como positiva a decisão do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) de abrir investigação da prática de dumping na compra de leite em pó importado. A medida deve contribuir para o equilíbrio do mercado nacional de leite, que vem sofrendo com a compra de produtos importados de países do Prata, muitas vezes por empresas do varejo e atravessadores no atacado. A decisão atende à solicitação feita em agosto dest

  • Jersey: a solução mais lucrativa e sustentável para a pecuária de leite na Austrália

    Marcelo de Paula Xavier

    Editor do Canal do Leite, Administrador de Empresas e Mestre em Agronegócios

    Jersey: a solução mais lucrativa e sustentável para a pecuária de leite na Austrália

  • Vivianne ataca novamente...neta da Veronica dando show de produção

    Marcelo de Paula Xavier

    Editor do Canal do Leite, Administrador de Empresas e Mestre em Agronegócios

    Vivianne ataca novamente...neta da Veronica dando show de produção

  • Vierra Dairy Farm: um meteoro que caiu na raça Jersey

    Marcelo de Paula Xavier

    Editor do Canal do Leite, Administrador de Empresas e Mestre em Agronegócios

    Vierra Dairy Farm: um meteoro que caiu na raça Jersey

COMPARTILHAR

CONTEÚDOS ESPECIAIS

Proluv
Top