Exportações de leite brasileiro dependem de melhora da qualidade
21 de março, 2019
Segundo o Portal DBO, apesar de ser o quinto maior produtor mundial de leite, o Brasil exportou somente 0,6% de sua produção inspecionada de lácteos em 2017. Mesmo sendo impactado pelo baixo consumo interno, em decorrência da crise que o país vem atravessando, o setor não conseguiu ampliar suas vendas externas, tendo - inclusive - fechado os últimos anos com déficit na balança comercial.
Não obstante, o mercado externo é visto como fundamental para dois aspectos da cadeia nacional do leite: estabilidade nos preços e continuidade da expansão do setor. Estudos feitos pela Embrapa Gado de Leite apontam que é a região Sul brasileira teria viabilidade para exportar lácteos.
O chefe-geral da Embrapa Gado de Leite, Paulo do Carmo Martins, explicou - durante visita à Expodireto Cotrijal - que nem todos os estados do Brasil tem condições de vender lácteos para outros países. Desta forma, ele defende a elaboração de políticas públicas regionalizadas para os estados considerados mais competitivos.
“Na Região Sul, estão os municípios que têm produtividade por vaca compatível com a da Europa. E há uma densidade maior, já que várias propriedades estão próximas, com boas produtividades, o que facilita e torna mais barata a captação pelas indústrias”, afirmou Martins.
Mesmo acreditando que o Brasil não será um dos grandes exportadores mundiais de lácteos, já que - pelo tamanho do seu mercado doméstico - o pais tem a vantagem da alta demanda interna, Martins explica que é importante parte da produção nacional ser vendida para fora. “Todo produto que participa do mercado externo tem maior estabilidade de preços. A cotação da soja, do milho, do frango, por exemplo, é estável porque se traz para o mercado interno a estabilidade internacional”.
No ano passado, conforme dados da SECEX, o Brasil exportou 23,1 mil toneladas de lácteos, mas importou 152,6 mil toneladas. “Toda vez que tivermos excesso de leite aqui e o preço estiver caindo, temos que colocar o produto com mais intensidade no mercado internacional, mas, para isso, tem que haver continuidade, tem que ter política de longo prazo”, explicou Martins.
Mesmo já tendo uma presença no mercado internacional, o Brasil tem muitos gargalos em sua cadeia produtiva do leite. A Embrapa aponta que, dentro da porteira, é preciso ampliar a produção das propriedades, bem como melhorar a qualidade do leite em geral. Fora da porteira, um fator que tira a competitividade das nossas exportações é a alta tarifação dos insumos para produção.
Outro problema levantado pelo estudo é a guerra fiscal. Paulo do Carmo Martins afirma que, pelo fato de cada estado ter uma política tributária diferente dos demais, é difícil a existência de grandes plantas de laticínios no país como ocorre - por exemplo - na Nova Zelândia. “A guerra fiscal exige que as empresas façam fábricas em diferentes Estados para explorar as condições tributárias de cada um deles. Isto é muito danoso”, completa.
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