Mercado de Leite e Derivados - Set/20

Mercado de Leite e Derivados - Set/20

02 de outubro, 2020

No cenário internacional, a produção de leite até agosto não foi muito afetada pela pandemia. Embora em ritmo lento, a produção continua crescendo nos Estados Unidos e nos países produtores da Europa.

Mesmo com a China comprando, o fato novo é que os preços já dão sinais de acomodação ou queda desde o final de fevereiro. Nos leilões da Fonterra, os principais derivados estão caindo desde fevereiro. O leite em pó integral - principal referência de preços no mercado externo - que se mantinha oscilando em torno de US$ 3,100/t desde o início de fevereiro do ano passado, ensaiou uma recuperação entre 19 de maio e 21 de julho, subindo de US$ 2,677 para US$ 3,208/t (20% de alta), mas voltou a cair nos leilões seguintes. No leilão de 01/09 recuou 10%, fechando em US$ 2,884/t.

No Brasil, a captação de leite do segundo trimestre veio 1,7% menor do que a de igual período do ano passado e 9,3% inferior à do primeiro trimestre deste ano. Seca na Região Sul, perda de rentabilidade dos produtores pela elevação dos custos do concentrado decorrentes dos altos preços dos grãos e o período de entressafra explicam a queda. Na comparação dos semestres, a captação de 2020 ficou estável em relação a de 2019.

Para o terceiro trimestre, deve ser considerada a previsão de um atraso na chegada das chuvas na região central do Brasil, onde estão importantes centros de produção de leite e de grãos. Este evento pode impactar mais ainda os preços da soja e do milho (pelo atraso do plantio de verão e, consequentemente, do plantio da safrinha) afetando também a recuperação das pastagens e a expectativa de aumento da oferta de leite no período.

A importação de leite, em queda constante de janeiro até abril, voltou a crescer a partir de maio atingindo em julho - pela primeira vez no ano - um volume acima do registrado no ano passado na comparação mês a mês. Já em agosto, houve a maior importação do ano, com quase 140 milhões de litros. Dados preliminares indicam que em setembro a importação deve seguir aumentando. Este crescimento se explica por uma série de eventos:

  • O auxílio emergencial iniciado em abril e o consequente aumento do consumo interno de lácteos;
  • Os baixos estoques e a falta de matéria-prima para a indústria; e
  • A elevação dos preços internos para o produtor e dos principais derivados na indústria.

O cenário foi agravado ainda pela queda de produção nas fazendas.

Os preços do leite, tanto para o produtor como dos principais derivados no atacado, já acumulam crescimento histórico inédito desde de meados de maio até o final de agosto. Para o produtor, o aumento no período foi de 38,7%, enquanto no atacado - com exceção do leite em pó fracionado com aumento ligeiramente menor (38%) - as altas do leite UHT (40%), do queijo muçarela (73%) e do Spot (100%) foram ainda mais contundentes.

No mercado Spot de Minas Gerais, o preço disparou: de R$ 1,37 na primeira quinzena de maio para R$2,75/litro na segunda de agosto. Esta movimentação reflete um pouco do nervosismo instalado entre as empresas diante da necessidade de refazer estoques para atender os varejistas, mas enfrentando falta generalizada de matéria-prima.

Uma questão que se deve observar nas próximas semanas é que - a partir do final de agosto até esta segunda quinzena de setembro - no atacado os preços dos derivados estão se acomodando, embora em patamares historicamente mais elevados. Para os produtores, no entanto, ainda houve aumento dos preços em setembro pelo leite entregue em agosto.

No cenário macro, o PIB que já havia caído 2,5% de janeiro a março, voltou a recuar mais 9,7% no segundo trimestre em relação ao trimestre anterior. O consumo das famílias caiu 12,5%, no entanto, neste grupo o consumo de lácteos continua se salvando e em alta.

Enfim, o quadro que se apresenta é de queda nunca vista no PIB, desemprego se aproximando de 14%, redução pela metade do Auxílio Emergencial e seu final já no horizonte e dívida pública subindo. Enfim, um cenário bastante desafiador para os próximos meses.

 

Resumo das informações discutidas na reunião de conjuntura da equipe do Centro de Inteligência do Leite, realizada em 08 de setembro de 2020.

Autores: João Cesar Resende, Glauco R. Carvalho, José Luiz B. Leite, Kennya B. Siqueira, Lorildo A. Stock, Luiz A. Aguiar, Manuela S. Lana, Marcos C. Hott, Ricardo G. Andrade, Walter C. Magalhães

 

Fonte: CILeite - Embrapa

Foto: The Shelby Report

Disponível em: https://www.cileite.com.br/nota_conjuntura_set2020

  • Como a vaca Jersey evoluiu para se tornar um fenômeno global

    Marcelo de Paula Xavier

    Editor do Canal do Leite, Administrador de Empresas e Mestre em Agronegócios

    Como a vaca Jersey evoluiu para se tornar um fenômeno global

  • Últimas vacas Jersey classificadas EX-96 e EX-97 nos Estados Unidos

    Marcelo de Paula Xavier

    Editor do Canal do Leite, Administrador de Empresas e Mestre em Agronegócios

    Últimas vacas Jersey classificadas EX-96 e EX-97 nos Estados Unidos

  • Raça Jersey quebra a barreira das 1.000 libras de gordura nos EUA

    Marcelo de Paula Xavier

    Editor do Canal do Leite, Administrador de Empresas e Mestre em Agronegócios

    Raça Jersey quebra a barreira das 1.000 libras de gordura nos EUA

COMPARTILHAR

CONTEÚDOS ESPECIAIS

Proluv
Top