Mercado do leite: balanço de 2021 e expectativas para 2022

Mercado do leite: balanço de 2021 e expectativas para 2022

11 de dezembro, 2021

Em 2021, o mercado de leite e derivados sofreu forte pressão do clima e da elevação dos custos de produção. A demanda fraca, na ponta final da cadeia – em função da crise econômica e das restrições frente à pandemia de covid-19 – também foi um importante fator na precificação do leite.

Por outro lado, de janeiro a junho, houve quedas sucessivas na oferta, segundo o Índice de Captação de Leite da Scot Consultoria. Mesmo com crescimento paulatino a partir de julho, os volumes de leite captado ficaram abaixo dos registrados no ano anterior. É importante ressaltar que as incertezas com a com pandemia, em 2020, tiveram impacto negativo sobre os investimentos na atividade, o que prejudicou a produção de leite em 2021.

Os pagamentos aos produtores tiveram quedas sucessivas ao longo do primeiro trimestre deste ano, devido à demanda enfraquecida em função do fim do Auxílio Emergencial. A partir de março, os preços apresentaram melhoras, com o peso da entressafra no Brasil Central e Centro-Sul do país e o aumento da concorrência entre os laticínios.

Mas, para os pecuaristas, o período foi de atenção, pois além da pressão sobre o faturamento (preço de venda do leite), o custo de produção subiu fortemente, principalmente devido aos preços dos alimentos concentrados.

Clima e custo de produção

A chegada antecipada do período seco e o atraso nas chuvas, na maior parte do país, impactaram a produção no campo. As condições ruins das pastagens intensificaram a necessidade do uso de alimentos concentrados.

A ocorrência de frio intenso, com fortes geadas em julho, além de afetar a recuperação do capim, causaram perdas de produtividade em importantes regiões produtoras de milho, que se somaram às perdas devido aos volumes de chuvas abaixo da média e ao atraso na semeadura na temporada.

O clima seco pesou, de forma significativa, sobre o plantio e o desenvolvimento da segunda safra (safrinha) e a cotação do milho se manteve em patamares elevados, ao longo do ano, com o peso das altas do dólar frente ao real e a demanda interna firme. Em relação à soja, as exportações em alta e a boa demanda interna mantiveram os preços em patamares elevados, com o câmbio tendo, também, um peso importante sobre as cotações.

Nos últimos três meses, os preços do milho caíram, com o aumento da disponibilidade interna e importações em alta, atrelados à suspensão da cobrança de PIS e Cofins. A soja, por sua vez, teve preços firmes, no mesmo período, mas andando de lado, acompanhando o câmbio e o início da colheita norte-americana.

As cotações dos fertilizantes e defensivos também pesaram bastante no bolso do produtor. A oferta escassa no mercado internacional, devido à redução da produção pelos principais produtores (China, Rússia, Canadá e Marrocos) além de sanções econômicas a Belarus e a demanda firme, atrelada ao crescimento da produção de grãos na temporada 2020/21, mantiveram as cotações em forte alta.

Os custos com combustíveis, acompanhando o cenário de preços do petróleo no mercado internacional e o dólar em alta, também subiram.

Expectativas

No curto prazo, o aumento da oferta (na safra), com a temporada de chuvas, deve exercer pressão de baixa no mercado do leite. Mas, para o primeiro semestre de 2022 – com o cenário ajustado em relação à oferta de leite cru e a possibilidade de demanda interna melhor em relação a 2020 e 2021 – há espaço para altas mais fortes nos preços do leite e derivados.

Outro ponto importante é a previsão de aumento nas produções de milho e soja no Brasil na temporada 2021/22, que – se confirmada  poderá diminuir a pressão sobre os custos de produção, principalmente em relação à alimentação concentrada, com possibilidade de melhora nas margens da atividade.

A baixa disponibilidade de milho é um fator de alta sobre os preços do milho nos primeiros meses de 2022. Porém, se confirmadas as estimativas de aumento na área semeada na segunda safra em 2021/22 e o clima colaborar para uma boa produtividade, a tendência é de preços pressionados para baixo no segundo trimestre e começo do terceiro trimestre de 2022.

Esse cenário pode gerar investimentos maiores na atividade leiteira e caso as expectativas se confirmem –  há uma tendência de progresso no mercado de leite.

 

Fonte: Scot Consultoria 

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