Pesquisador da Embrapa projeta mudanças no mercado global de leite devido à Covid-19

Pesquisador da Embrapa projeta mudanças no mercado global de leite devido à Covid-19

16 de abril, 2020

Quando a pecuária de leite brasileira começava uma ligeira recuperação, adveio a pandemia do novo coronavírus (Covid-19). As perspectivas para o setor, segundo o pesquisador da Embrapa Gado de Leite, Glauco Carvalho, não são muito diferentes do resto da economia. “É difícil prever o que vai acontecer, pois não sabemos nem quanto tempo deve durar esse contexto, mas a expectativa é de retração”, diz Carvalho. Ele também acredita que vai haver mudanças no mercado internacional de lácteos.

De acordo com o pesquisador, o setor vinha sofrendo desde 2013 com o cenário econômico ruim. “A produção brasileira ficou praticamente de lado nos últimos ano e 2020 iniciou com baixo crescimento devido à seca na Região Sul do país. Começamos agora a entressafra, que prometia melhores ganhos para os produtores, mas toda a cadeia produtiva terá que se ajustar ao novo cenário”, acrescenta Carvalho.

Para os consumidores, desde que a Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou a pandemia o efeito imediato foi de correria às padarias e supermercados. É o que Carvalho chama de “efeito pânico”, com as pessoas comprando produtos estocáveis, como o leite UHT e leite em pó. Porém, na medida em que a população percebeu que o abastecimento não seria comprometido, as compras voltaram ao normal. O pesquisador demonstra preocupação com uma terceira onda: a queda no poder aquisitivo da população, que tem efeito direto no consumo de produtos lácteos.

Para Carvalho, isso pode ser muito prejudicial para o setor e terá como consequência uma reorganização da cadeia, com a redução do número de produtores e laticínios maiores absorvendo os menores. “Haverá uma maior concentração”, assinala. “Produtores podem sair do mercado, com os mais estabilizados ocupando o espaço deixado, o que já vem ocorrendo de forma natural nas últimas décadas, mas que deve se intensificar”.

Ainda de acordo com ele, o mercado global também passará por sensíveis mudanças e grandes exportadores como Austrália, Nova Zelândia e Uruguai podem sofrer impactos significativos com o recuo do comércio. Há riscos de revés na globalização e abertura de mercados, assinala, porque todos estão olhando para dentro neste momento e a economia mundial pode encolher. Neste aspecto, observa, o Brasil tem suas vantagens, por ter uma grande população e disponibilidade de insumos produtivos.

Se há algo menos negativo na pandemia é que a indústria de alimentos sofre menos, já que não pode haver um lockdown na produção agrícola (as pessoas precisam se alimentar). Houve também uma redução no preço de alguns insumos como o milho na última semana e do farelo de soja, mas ainda seguem em valores historicamente altos.

O recado final do pesquisador aos produtores é que eles cortem custos “Sempre há gorduras para cortar”, ressalta. A pecuária de leite tem como característica uma recuperação lenta. O rebanho que for reduzido hoje para se adaptar à nova realidade de mercado pode demorar até quatro anos para ser recomposto. “Cautela, organização e cuidados com a própria saúde.”

A Embrapa também colocou à disposição do público a nova plataforma do Centro de Inteligência do Leite (CILeite). Nela, são publicados indicadores econômicos, informações e análises de mercado produzidas pela Embrapa Gado de Leite. Toda semana, serão disponibilizados novos boletins com ênfase nos impactos da pandemia de Covid-19. Para acessar o CILeite da Embrapa clique aqui.

 

Fonte: Embrapa Gado de Leite

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