Preço do leite longa vida bate recorde
15 de julho, 2022
O preço do leite longa vida nas gôndolas dos supermercados bateu nos R$ 9,00 por litro e os motivos para esse expressivo aumento são bem conhecidos.
Nos últimos meses, as bacias leiteiras do Sul do Brasil sofreram com intensa seca, devido ao fenômeno climático La Niña, que prejudicou a produção de alimentos para os animais (volumosos e concentrados).
Por outro lado, os custos de produção aumentaram de maneira muito acentuada, com os preços dos principais insumos utilizados na pecuária de leite – milho, soja, defensivos, fertilizantes, combustíveis, minerais, etc – disparando, pela valorização do dólar e o desequilíbrio das cadeias produtivas mundiais, além da quebra da primeira safra no Brasil (2021/22).
Em função disso, muitos produtores de leite desistiram da atividade, uma vez que as margens – já apertadas – ficaram ainda menores, resultando em prejuízo para muitos. Resultado: a produção de leite caiu, reduzindo a sua oferta.
Com tudo isso, os preços no campo, pagamento ao produtor pela matéria-prima, subiram e estão sendo repassados na comercialização do leite e seus derivados no atacado.
Quanto ao leite no varejo, a fim de comparação, trouxemos os preços nominais e reais (figura 1).
O preço atual (junho) é o recorde, considerando o preço deflacionado do leite longa vida. Os recordes anteriores aconteceram em junho de 2009 e outubro de 2020.
Como fica o consumidor?
Ao compararmos os preços médios nominais anuais com os respectivos salários-mínimos, atualmente o poder de compra do consumidor – apesar do aumento recorde – não é o pior do período entre 2002 e 2022 (até junho). Veja na figura 2.
Em 2002, o consumidor compraria, com um salário-mínimo, 168,33 litros de leite. Atualmente, compra-se 242,71 litros. O melhor poder de compra foi em 2017, em que o consumidor comprava 301,75 litros de leite longa vida com um salário.
Qual o horizonte para o preço do leite?
No curto prazo, a diminuição da captação de leite brasileira deve continuar agindo.
Vemos uma possível diminuição no preço do milho, com o aumento da oferta devido ao avanço da colheita da 2ª safra no Brasil. No entanto, não é esperado que haja um recuo expressivo, devido à menor oferta no mercado internacional.
Não se vê o fim da guerra no leste europeu, a fim de normalizar o fornecimento de grãos e fertilizantes.
O período seco do ano vai até outubro e, até lá, a qualidade das pastagens será baixa, assim como a quantidade de massa produzida.
Assim, a expectativa é de mais aumentos no preço do leite pago ao produtor. Consequentemente, os preços no varejo devem acompanhar esse movimento, no curto e médio prazos, até a reversão desse quadro geral.
Fonte: Scot Consultoria