RS: Número de produtores de leite caiu pela metade em 6 anos
08 de setembro, 2021
Baixa rentabilidade, dificuldades na sucessão familiar, migração para atividades mais rentáveis (como plantio de grão e pecuária de corte) são alguns dos motivos que levaram a uma queda de 52,28% no número de produtores de leite do Rio Grande do Sul, nos últimos seis anos.
Dados coletados pela Emater/RS-Ascar, que compõem o Relatório Socioeconômico da Cadeia Produtiva do Leite do Estado em 2021, apontam que seguem na ativa 40.182 produtores de leite, 10.482 a menos que em 2019 e 44.017 a menos do que em 2015, quando se iniciou a pesquisa.
O relatório revela ainda que o rebanho leiteiro do estado encolheu 25,94% desde 2015, saindo de 1.174.762 milhão de cabeças para 870.060 mil em 2021. Neste contexto, a produção do setor teve uma queda 3,15% – discreta em relação à redução de produtores – passando de 4,21 milhões de litros em 2015 para 4,07 milhões de litros em 2021. Isso comprova a melhoria da produtividade por propriedade.
O segmento de produtores que perdeu mais representatividade foi o daqueles cuja produção diária se limita a 50 litros, que em 2015 representavam 23,86% do total de pecuaristas vinculados à indústria e em 2021 estão em 8,78%. Jaime Ries, coordenador do estudo e assistente técnico estadual da Emater, diz que o resultado confirma uma tendência de transformação do segmento leiteiro do estado nos últimos anos, de modo que está conseguindo sobreviver o produtor organizado e que se profissionaliza na atividade, adequando-se a critérios de qualidade e produtividade. "A constância dos dados nos demonstra com muita segurança e de forma clara esta tendência", comenta Ries.
Já, Eugênio Zanetti – vice-presidente da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Rio Grande do Sul (Fetag) – confirmou que a entidade vem observando esse comportamento há bastante tempo e alertando à cadeia leiteira que o produtor que abandona a atividade tem muita dificuldade de voltar. Zanetti atribui parte da desistência ao fato de que o produtor de 50 a 100 litros/dia ganha cerca de 10% menos pelo litro do que o produtor de 1 mil litros/dia, relação que – segundo ele – deveria "ser revista" com mais justiça.
Fonte: Correio do Povo
Foto: Alina Souza (Vaca leiteira na 44ª Expointer)