CEPEA: Preço do leite captado em junho é recorde da série histórica do Cepea
30 de julho, 2021
O preço do leite captado em junho - e pago ao produtor em julho - chegou a R$ 2,3108/litro na Média Brasil” líquida, recorde real (dados deflacionados pelo IPCA) da série histórica do CEPEA, que se iniciou em 2005. As altas foram de 5% na comparação com o mês anterior e de 21,8% frente ao mesmo período do ano passado, também em termos reais.
O Índice de Captação Leiteira (ICAP-L) do CEPEA registrou alta de 2,12% de maio para junho, puxado pela elevação média de 5,5% na captação dos estados do Sul do País. No entanto, o aumento dos custos de produção e o período de estiagem limitaram a oferta e intensificaram a concorrência entre as indústrias de laticínios para garantir a compra de matéria-prima durante o mês de junho.
Dessa forma, a elevação dos preços não reflete aumento de rentabilidade, mas, sim, a pressão de custos. Para se ter uma ideia, basta comparar o poder de compra do pecuarista frente ao milho, insumo básico da atividade. Na média de janeiro a julho de 2021, foram precisos 44,67 litros de leite para adquirir uma saca de 60 kg de milho (base Campinas -SP), enquanto na média do mesmo período do ano passado, eram necessários 35,20 litros; o que representou uma perda no poder de compra de 26,9% em apenas um ano.
Com estoques de derivados enxutos, as indústrias acirraram a competição pela compra de matéria-prima em junho. Nesse mês, as negociações de leite spot estiveram aquecidas e o preço médio em Minas Gerais - por exemplo - chegou a R$ 2,78/litro (17% acima da média de maio). Com o leite mais caro no campo, a indústria precisou elevar os preços dos derivados lácteos e repassar a alta da matéria-prima ao consumidor. O queijo muçarela, o leite UHT e o leite em pó - negociados entre indústria e atacado de São Paulo - se valorizaram 16,1%, 8,6% e 2,6% respectivamente, em relação a maio/21. Isso sustentou a valorização do leite captado em junho e pago ao produtor em julho.
Perspectiva
O movimento altista no mercado de derivados lácteos perdeu força em julho, uma vez que os preços dos lácteos estão em patamares muito elevados, o que começa a inviabilizar a demanda, já fragilizada pelo menor poder de compra do consumidor brasileiro.
De acordo com pesquisa diária do CEPEA, os preços médios da muçarela, do UHT e do leite em pó recuaram 2,8%, 1,5% e 0,8%, nessa ordem, entre junho e julho (considerando dados até 28/07). Junto a isso, os maiores volumes de lácteos importados nos últimos meses diminuíram a forte competição entre indústrias pela compra de leite no mercado spot (leite negociado entre indústrias) em julho.
A pesquisa do CEPEA mostrou que, em Minas Geais, o leite spot registrou média de R$ 2,52/litro em julho, queda de 9,4% frente a junho. Esses resultados evidenciam que, mesmo com custos de produção ainda em alta e clima desfavorável à atividade, o preço do leite captado em julho e pago ao produtor em agosto pode não superar o do mês anterior.
Fonte: CEPEA - Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada